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Durante esta época que apela à comunhão, solidariedade e aos valores humanistas, os votos de "Feliz Natal" e "Ano Novo com Saúde, Paz e Alegria" são tocados fraternalmente, sentidos e partilhados com esperança. Hoje, ao longo do dia, enfatizaremos esses desejos, apesar da incerteza e insegurança com que perspetivamos o futuro.
A nível mundial, a prolongação da Guerra na Ucrânia e os seus reflexos no dia a dia de todos, leva-nos a entrar no novo ano com apreensão crescente, mais ainda face aos constrangimentos marcadamente gravosos que já se fazem sentir com o aumento de preços numa abrangência geral, associado ao dos juros e da inflação, o que acarretará para um número alargado de famílias dificuldades extremas, encontrando-se a lutar para sobreviver.
Na Educação, a resolução (definitiva?) dos problemas laborais dos professores encontra-se em stand by, tendo sido interrompidas as negociações entre ministério e sindicatos devido ao recrudescimento inesperado de greve atípica, convocada por tempo indeterminado, à qual a tutela não está habituada e, talvez por isso, surpreendida, não tenha, até ao momento, demonstrado a reação devida.
Se o período de aulas, até dezembro, terminou sob o efeito da greve, o início do mês de janeiro e seguintes, não se augura com enquadramento distinto, pois a promessa de greves intensas e invulgares, porquanto preconizam descontos mínimos nos salários dos docentes e duração longa, projetadas até ao final do ano letivo.
Ou seja, o descontentamento generalizado que culminou na manifestação em Lisboa, no dia 17 de dezembro, poderá ter sido uma amostra daquilo que está a ser preparado, com consequências mais vincadas, desta feita por mais sindicatos de professores, que não usando estratégias comuns, aparentemente têm objetivos idênticos: valorizar e dignificar a carreira docente.
É uma temática recorrente que tenho exposto nesta coluna semanal, mas também noutros fóruns e periódicos, onde realço (reiterando) quatro aspetos essenciais a ter em conta nas futuras rondas negociais:
A) Recuperação dos 6 anos 6 meses e 23 dias que os professores trabalharam e foram sonegados pela tutela, que fez tábua rasa numa negociação peculiar terminada a altas horas da madrugada (!);
B) Alteração ao modelo de avaliação de desempenho (quer de professores, quer de diretores) que não colhe o apreço de ninguém, porque desestabiliza as escolas, as
dinâmicas que deveriam ser colaborativas e em ambiente salutar, inviabiliza progressões justas, e tem como objetivo sugar dinheiro que não é do Estado;
C) Apoios efetivos a docentes que se encontram distantes da sua residência habitual, quer no tocante à estadia quer à deslocação;
D) Aumento dos índices remuneratórios nos diferentes escalões, tendo em conta a responsabilidade e a progressiva exigência da profissão.
Impõe-se um sinal positivo por parte do Governo, assim como a intervenção do Primeiro Ministro, não por incapacidade negocial do ministro da Educação, mas pelo facto do(s) ministro(s) das Finanças continuar(em) a revelar-se inimigo(s) da Educação.
Só assim a estabilidade e a confiança regressarão às escolas e os prognósticos que muitos destacam, cairão por terra.
Só assim se conquistam jovens para a profissão e se salva um país de perder qualidade numa área fulcral para o seu progresso.
Excelente 2023!