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A semana que hoje termina foi dominada por notícias sobre os incêndios devastadores que assolam o nosso país, e que, pelo drama que lhes está associado, remetem para 2.º plano outros acontecimentos também eles merecedores de realce, todavia pela positiva. Considero que os media devem equilibrar os conteúdos que noticiam, convocando, na mesma medida, o que de esperançoso ocorre nacional e internacionalmente, e em concreto na área que me é cara - a Educação.
Nesse sentido, pretendo dar a conhecer duas atividades que decorrerão no arranque do próximo ano letivo, propostas por quem procura conhecer boas práticas educativas no nosso país, profissionais da Bélgica e da Eslovénia.
Quatro jornalistas de uma televisão belga deslocar-se-ão a um Agrupamento de Escolas de Vila Nova de Gaia no início do 1.º período letivo, pois pretendem produzir um documentário sobre educação inclusiva - o modelo português, que tem sido alvo de vários estudos de investigação e referido pela Unesco.
É com orgulho que iremos recebê-los!
Apesar dos constrangimentos que vivenciamos no dia a dia das nossas escolas, porque são forçosamente necessários mais recursos humanos (docentes de educação especial e de outros grupos disciplinares, técnicos especializados, terapeutas), os professores e diretores portugueses desenvolvem um trabalho valoroso, com dedicação e empenhado para responder a toda a diversidade e a culturalidade que anima as salas de aula e que desperta a atenção dos media belgas, ávidos de compreender e divulgar Portugal enquanto exemplo da inclusão plena.
A nossa legislação é das melhores do mundo e o paradigma inclusivo é sentido por todos os agentes educativos como o caminho a seguir, e, no entanto, urge criar condições para que a operacionalização seja suportada pelos meios que permitam que se afirme, cada vez com mais propriedade, que a Escola é de todos e para todos, acrescento, e com todos. A heterogeneidade do corpo discente exige respostas cada vez mais diversificadas, que satisfaçam as necessidades apontadas pelos professores e pais e encarregados de educação e, neste âmbito, o desinvestimento em docentes de educação especial, entre outros, não parece de todo uma boa política.
Daremos ainda, a meio do 1.º período, as boas-vindas a 70 diretores de escolas públicas de Liubliana (Eslovénia), que deslocar-se-ão a Vila Nova de Gaia para conhecer mais aprofundadamente o modelo de gestão e administração das escolas portuguesas, com enfoque no trabalho que é desenvolvido nas escolas na educação pré-escolar e no ensino básico, mormente no 1.º Ciclo.
Esta distinção, que terá o epicentro em Gaia, deve ser estendida a todas as escolas, professores, pessoal não docente e autarcas do nosso país!
O trabalho de excelência desenvolvido por estes profissionais é (re)conhecido extra fronteiras, e os líderes dos estabelecimentos de ensino da capital da Eslovénia pretendem vivenciar de forma próxima e sem filtros, durante os dias que visitarão os educadores e professores em ação letiva, não só o trabalho com os discentes mais novos, mas de igual modo, como se organizam das direções executivas e demais órgãos das escolas (conselho geral, conselho pedagógico, equipa multidisciplinar de apoio à educação incusiva, etc.).
Não sendo necessário que outros nos digam o que de muito bom se faz na Educação em Portugal, receber solicitações para testemunhar práticas reconhecidas internacionalmente devem ser noticiadas e enaltecidas, servindo de algum conforto neste final de ano letivo, um dos mais desafiantes dos últimos tempos, para quem se desafia diariamente para fazer o melhor pelos alunos e pelas suas escolas, numa abrangência que implica todos.
Naturalmente que a responsabilidade também aumenta, e as expetativas ficam mais vincadas, pelo que o compromisso da parte da tutela em apoiar cada vez mais as duas áreas que belgas e eslovenos tanto elogiam é crucial.
A Educação, e os seus profissionais, demandam e carecem de mais.