
Pedro Pita Barros
Ana António
"A Opinião" de Pedro Pita Barros, na manhã da TSF.
Corpo do artigo
Christine Lagarde, do FMI, esteve em Portugal a convite do Presidente da República para participar num Conselho de Estado. Deixou elogios à economia portuguesa e uma nota de cautela, por ser ano de eleições.
É normal os Governos terem maior facilidade em adotar medidas que agradem a alguns eleitores e criem mais despesa pública em anos de eleições. Mais despesa que se transforma facilmente em mais dívida e em impostos futuros, mais cedo ou mais tarde.
Tem então este aviso de Lagarde razão de ser no Portugal de 2019?
TSF\audio\2019\03\noticias\04\04_marco_2019_opiniao_pedro_pita_barros
Olhando para o calendário eleitoral, as eleições legislativas vão acontecer antes da entrega do Orçamento do Estado para 2020. Poderão, por isso, surgir múltiplas promessas de despesa para agradar a este ou aquele grupo de eleitores que depois não se concretizam no Orçamento.
Apenas o Governo tem a capacidade de, nos próximos meses, criar despesa para conquistar votos, e a tentação de o vir a fazer dependerá também de como correrem as eleições para o Parlamento Europeu. Se for muito claro o desgaste de ser Governo, em termos de votos, é mais provável que se abram os cofres públicos.
Dependerá igualmente de como o PS avaliar a sua capacidade de ter votos suficientes para voltar a ser Governo. E aqui os sinais serão dados pela evolução das sondagens e indiretamente pela intensidade das nomeações de adjuntos, assessores e conselheiros dos vários ministérios para cargos que lhes assegurem algum futuro se o PS não formar novo governo. E ainda por acordos, ou medidas, que ficando escritos impliquem despesa futura, como é o caso de acordos salariais.
Até agora, nas negociações salariais mais mediáticas, não houve ainda efeitos de ano eleitoral. As sondagens ainda não geram preocupações que levem a despesa para as contrariar. Para o sinal das eleições europeias, teremos que esperar até maio.
O aviso de Christine Lagarde é geral, pode ser dado em qualquer país em ano de eleições. Se é um risco que se materialize em Portugal, iremos ver. Negociações salariais rápidas com aumentos generosos, anúncio de grandes obras públicas, um resultado menos bom nas eleições europeias para os partidos da Gerigonça, e aumento de nomeações pelo Governo serão os sinais de alerta para avaliar os riscos de "despesa pública eleitoralista".