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As taxas de juro têm continuado a subir vertiginosamente ao longo dos últimos meses. A decisão é tomada pelo BCE numa procura cega de baixar e controlar a inflação dos preços dos produtos que são comprados por todas as pessoas. O objetivo é aumentando o preço do dinheiro, fazer com que haja mais dificuldades em tê-lo e em aceder ao crédito. É tentar desacelerar a economia, diminuir a procura, na esperança que os preços baixem e a inflação por isso diminua.
A subida das taxas de juro afeta sobretudo famílias com empréstimos, principalmente empréstimos para aquilo que é um direito humano: ter uma casa para viver. Desacelera claro a economia e o investimento, pois há menos dinheiro disponível, ou pelo menos o acesso a ele custa mais.
A inflação tem estado a desacelerar, mas ainda existe, persiste teimosamente.
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E assim continuará mais uns tempos até conseguir que muitas pessoas além de ficarem sem casas, passem também fome.
Parece um preço demasiado alto e desumano.
O preço dos combustíveis fósseis é um dos elementos que mais tem contribuído para a subida dos preços, para a inflação. Aumentar as taxas de juro é uma estratégia aceite por economistas, mas não é atacar a causa do problema diretamente.
Uma lata de feijões no supermercado, para lá chegar teve de ser transportada e o preço dos combustíveis que sobe vertiginosamente, faz com que o preço da lata de feijões necessariamente também tenha de subir pois custou mais dinheiro para que ela chegasse até às nossas mãos, para que ela chegasse às prateleiras.
Se o preço da famigerada lata sobe, a inflação sobe também.
As taxas de juro podem ser um remédio aceitável para muitos economistas, mas é um remédio que vai a torto e a direito, que não tem em conta as dificuldades das pessoas, das famílias, não têm em conta a necessidade que é ter-se uma casa para viver, a necessidade que é a de ter comida para comer. A necessidade que é ter o essencial para viver.
Há outros remédios e um deles podia ser um forte investimento em energia verde, limpa, que nos livrasse da dependência do maldito petróleo e dos seus senhores, os que o dominam, vendem e fazem guerras por ele e com ele.
Sei que este investimento em energia limpa é um remédio de médio, longo prazo. Mas há quantos médios prazos andamos a falar de energia limpa para nos vermos livres dos combustíveis fósseis, que além de poluição também causam inflação?
Uma política económica tem de ser sempre, sempre humana.
