Entre crises, desinformação, riscos e angústia. Missão "Cuidar" e "salvar vidas"
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Vivemos tempos muito difíceis
Olhamos para a situação da pobreza e percebemos que a crise COVID teima em ficar, a crise social que derivou desta crise pandémica está longe de partir e não podemos deixar de estar atentos, o aumento já previsível do custo de vida tende a ser exacerbado pelas consequências económicas de uma guerra que está muito perto e que o nosso conhecimento do futuro deste aumento não é claro, não tem peso, nem tem medida.
Fomos atropelados por uma guerra neste nosso continente e não estávamos de todo preparados para isso... A queda do muro de Berlim deixou-nos um sentimento de segurança e até estivemos desatentos ao que acontecia a Leste. De um modo ou de outro a guerra já lá estava mas ia-se resolvendo geograficamente contida, num espaço que não estava debaixo dos nossos olhos. Num repente irrompeu nas nossas vidas com sinais, atrocidades, destruição, dramas, medos e desconfortos, vidas destruídas ou suspensas cujas imagens nos entram em casa a todas as horas.
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Muitas famílias residentes em Portugal ou com amigos na Ucrânia não hesitaram em ir buscar os seus e levar a solidariedade que brotava de todos em Portugal.
Foi uma enorme onda solidária que brotou e que eu espero, que, de forma organizada, possa permanecer enquanto se juntarem a nós tantas mulheres com filhos, tantos jovens e crianças desacompanhadas e tantas outras pessoas cuja idade ou fragilidade tornam particularmente vulneráveis.
Não deixem de colocar as V. perguntas, disponibilidades ou propostas na plataforma "Portugal for Ukraine", disponível no endereço www.portugalforukraine.gov.pt
Em especial tudo o que se refere a crianças desacompanhadas deve ser encaminhada por lá e é imprescindível que essas crianças lá sejam registadas. Para elas há também o n.º de telefone 300 511 490.
As famílias que queiram receber crianças desacompanhadas também devem inscrever-se no mesmo Portal.
Uma Crise faz normalmente esquecer a outra, mas neste caso isso não pode acontecer. Há que manter a proteção contra o contágio da pandemia e prevenir problemas e riscos na saúde.
Há que acompanhar todos os que se encontram abaixo do limiar da pobreza e os que estando em risco, se lhes vão juntar, com a pressão do aumento do custo de vida.
Há que garantir os meios de apoio aos que, por vulnerabilidades de saúde ou social, carecem de uma escuta ativa e muito empenho de todos.
Há que proteger os que chegam com marcas do terror vivido e medos difíceis de expulsar.
Há que ouvir e cuidar, com a serenidade possível e os recursos que pudermos partilhar.
Manter tudo em primeiro plano não é fácil mas será bom manter a consciência do que se passa no mundo e não deixar de olhar para perto de nós
Calcula-se que haja agora quase 250 milhões de pessoas no mundo a precisar de assistência humanitária e proteção em não podemos por isso permitir que outras urgências humanitárias caiam no esquecimento
O que nos preocupa é que são "ondas somadas" que carecem da nossa escuta e da nossa ação e não podemos, como se usa dizer, "deixar ninguém para trás.
Temos uma solidariedade abundante que não podemos deixar que se torne em desperdício ou que não chegue a quem mais precisa. Dispersão da ajuda complica. Vamos unir esforços, recursos e intenções. Unir para multiplicar e salvar vidas
No momento de doar ou de agir, façam-no de forma organizada e em rede. Cuidem de garantir que quem se aproxima é idóneo e não pertence a redes que não cuidem ou abusem... Também nós temos de cuidar da segurança dos mais frágeis.
Hoje é Domingo. Deixo uma sugestão. Anteontem o Papa recitou a oração de Consagração da humanidade a Nossa Senhora, em particular a Rússia e a Ucrânia. Não deixem de ver os registos neste momento que uniu o mundo