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Conforme já aqui tinha vaticinado, o Presidente da Turquia, Racep Tayyip Erdogan, foi reeleito ontem com 52% dos votos, na segunda volta das Presidenciais que disputou com Kemal Kilicdaroglu, que obteve 48% dos mesmos. A equação é simples, os eleitorados têm sempre comportamentos conservadores sempre que são confrontados com um "ou vai ou racha", personificado por candidatos representativos da ruptura. As ideias e propostas apresentadas podem ser interessantes e motivadoras, mas nunca se sabe o que lá vem, após 20 anos, no caso turco, de estabilidade política e económica. Este lastro de 20 anos de vida pública, enquanto Primeiro-Ministro e depois Presidente, assegura ao eleitorado exactamente o que muitos turcos foram afirmando durante o período de campanha e que se pode resumir a um, "promessa feita por este homem é promessa cumprida. Disso ninguém pode duvidar na Turquia, tem provas dadas. Erdogan dá-nos garantias de nunca ter falhado à palavra dada." Perante isto e o facto de todo o aparelho de Estado se ter mobilizado em função da campanha de reeleição do candidato Erdogan, foram factores decisivos no resultado final, tendo o candidato derrotado considerado por isso mesmo, esta a mais desonesta campanha de todos os tempos na Turquia. E agora Senhor Presidente, que fazer? O AK Party de Erdogan teve perdas consideráveis nas Autárquicas de 2019 e tentará a partir deste resultado, catapultar o mesmo e o eleitorado para recuperar as perdas desse ano, nas Autárquicas de 2024, sobretudo nos grandes centros urbanos. Aliás, o mapa eleitoral turco apresenta precisamente o grande dilema do Mundo Islâmico actual, os tempos urbanos versus os tempos rurais. Por isso mesmo os islamistas do AK Party de Erdogan, facilmente ganham na "grande província interior" e tem vindo a perder nos grandes centros urbanos, como Istambul, Ankara e Izmir, que naturalmente quer recuperar.
Ronaldo e o Espírito Santo das Arábias
Em fim de época desportiva, serve o presente parágrafo para assinalar o final do Campeonato de Futebol Sénior na Arábia Saudita, ganho por um português. Não, não foi Cristiano Ronaldo a sagrar-se campeão pelo Al-Nassr, mas antes o Al-Ittihad, treinado por Nuno Espírito Santo, cuja vitória sobre o Al-Feiha (3-0) na penúltima jornada, garantiu a Taça à equipa treinada por este português. Parabéns Nuno e força Ronaldo!
A Acontecer / A Acompanhar
- 31 de Maio, 15h, Homenagem ao Professor Michael Peyron, Especialista em Línguas e Estudos Amazighs (berberes), no Instituto Real da Cultura Amazigh, em Rabat;
- 02, 03 e 04 de Junho, 2º Forum Nacional dos Amazighs de Marrocos, sob o tema "O Ensino da Língua Amazigh e o Desenvolvimento Humano-Qual a relação?". Organizado pelo Jornal "Le Monde Amazigh" e pela Assembleia Mundial Amazigh, na Câmara de Comércio de Khénifra, Região de Fès-Meknès;
- Entre 12 de Abril e 17 de Junho, em Marraquexe, Exposição "DISPOSITIONS & NOTHINGNESS", de Mariana Viana e Kátia Sá, na Galeria da Fundação Dar Bellarj;
- Todos os domingos, na Telefonia da Amadora, entre as 21h e as 22h, Programa "Um certo Oriente", apresentado pelo Arabista António José, um espaço onde se misturam ritmos, sons e palavras, através das suas mais variadas expressões, pelos roteiros do Médio Oriente e Ásia.
Raúl M. Braga Pires, Politólogo/Arabista, é autor do site www.maghreb-machrek.pt (em reparação) e escreve de acordo com a antiga ortografia.
