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A habitual pausa das atividades letivas de Natal é sempre um momento de descanso e de convívio familiar muito aguardado, desde ontem, para as escolas que optaram pela organização "tradicional" do ano escolar (3 períodos) e ao longo da semana que amanhã se inicia, para os estabelecimentos de ensino organizados em semestres.
Se a organização escolar varia de escola para escola, existe um dado comum que afeta cada vez mais o sistema educativo: a escassez de professores.
De há uns anos para cá, tenho enfatizado o agudizar deste já enorme constrangimento que, pelas contas recentes do ministério da Educação, atribui a 1.700 alunos a ausência de um professor a pelo menos uma disciplina, desde o início das aulas. Este fenómeno tem-se agravado ano após ano, podendo tornar-se numa pandemia se não lhe for aplicado o respetivo antídoto.
E ele existe, embora com efeito remediativo, em vez de amplo espetro.
As medidas administrativas impostas pelo governo são escassas para a dimensão do problema. O futuro governo deverá apresentar medidas exequíveis e que ataquem o mal pela raiz, através de ações valorizadoras e dignificadoras da carreira docente, apontando algumas que não são novidade:
1. Recuperação integral dos 6 anos 6 meses e 23 dias de congelamento da carreira docente - neste particular, e porque parece existir relativo consenso na cedência deste tempo, aconselho à realização de um pacto na Educação, começando por este ponto;
2. Vencimentos mais generosos - face à responsabilidade exigida por uma carreira nobre, mas de desgaste muito rápido;
3. Alteração da avaliação de desempenho dos professores e diretores - o atual modelo de avaliação não concede o mérito e coloca professores contra professores, dada a injustiça que confere a este procedimento;
4. Implementação de medidas que diminuam o imenso trabalho burocrático dos professores e das direções executivas - reconheço que foi dado o primeiro passo, mas é necessário erradicar a burocracia excessiva que tolhe o dia a dia dos profissionais das escolas;
5. Apoiar na estadia e na deslocação de docentes - o apoio recentemente concedido a professores na estadia (a lecionar a mais de 70km da sua residência habitual) é ainda parco, embora um exemplo a seguir e a melhorar, percebendo-se a conveniência de haver maior vigor, e alargado à deslocação.
Outras medidas são urgentes na Educação, sendo esta assumida como prioridade da vontade política em apostar nas crianças e jovens do nosso país, e na melhoria do seu contexto da Vida no porvir!