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O ar na Educação permanecerá saturado, próprio de mau tempo com persistentes nuvens cinzentas no horizonte do arranque do novo ano letivo, que prognostica para a Escola Pública, à semelhança do ano transato, agitação forte e contestações recorrentes, malgrado a reabertura do processo negocial entre os sindicatos e o Ministério da Educação.
As diferentes organizações sindicais não aceitam o diploma da carreira dos professores promulgado pelo professor Marcelo Rebelo de Sousa, e já anunciaram greves de 1 a 5 dias, a primeira manifestação nacional em Lisboa, greves ao sobretrabalho, às horas extraordinárias e a todas as atividades integradas na componente não letiva de estabelecimento, entre outras formas de reivindicação.
As modalidades de luta variam de sindicato para sindicato, cada um com atuações autónomas, ditando as suas iniciativas num exercício de antecipação em relação às dos seus congéneres, percebendo-se a inexistência de uma articulação concertada, o que enfraquece a luta legítima dos professores, que se fará, sobretudo, com recurso, em algumas situações, quase abusivo, à greve, banalizando, assim, a forma de luta suprema de qualquer trabalhador.
Julgando-se estar ultrapassados, ou pelo menos atenuados, os egoísmos sindicais, estes regressam reforçados e com maior intencionalidade, pontuando uma certa leviandade à mistura, com prejuízo nítido para uma luta mais que justa da classe docente, pois será esgrimida a nível de escola, potencializando, deste modo, as condições mais eficazes para atingir os objetivos coletivos.
"Quanto pior, melhor!" parece ser a premissa de alguns que, afirmando defender a Escola Pública, não mais fazem que denegrir e menosprezar o seu valor, utilidade e virtudes, preferindo exaltar os seus defeitos, cientes de que os há, naturalmente, pese embora a enorme capacidade e contributo diário que os docentes (direções e não docentes) têm sabido dar para elevar a qualidade da Educação no nosso país.
É imprescindível, como insistentemente tenho referido, um maior investimento nos recursos humanos das escolas, nas condições materiais e no edificado, bem como necessário modificar a avaliação do desempenho docente (e também dos diretores), apoiar os professores na deslocação e estadia, quando lecionam a dezenas/centenas de quilómetros da sua residência habitual, acarinhar e valorizar esta profissão, por demais essencial para qualquer sociedade.
Apesar do clima hostil com que nos deparamos neste início de ano letivo, estou convicto que a estabilidade e a paz terão o seu lugar, mais cedo do que tarde,
impondo-se o regresso à mesa das negociações das duas partes que, há largos meses, insistem em alimentar um ridículo braço de ferro.
O renascer da Esperança é fulcral no sistema educativo nacional, mormente na classe docente, merecedora do apreço de todos! Será possível?