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Marcelo está fragilizado. Com o que se sabe hoje, graças à investigação jornalística da TVI e CNN, não podemos concluir que o Presidente teve influência no caso das gémeas brasileiras, mas há muitas dúvidas no ar. É isso é o pior, pois alimenta a desconfiança. Apesar de Marcelo ter prestado declarações aos jornalistas esta segunda-feira, não ficou tudo esclarecido. Interpelado no último mês pelos media, Marcelo primeiro não se lembrava do caso, mas esta semana veio afirmar que houve um mail do próprio filho com tal pedido.
Esta não é prática comum. Tal como não é comum que, alegadamente, um secretário de Estado da Saúde marque directamente consulta no Hospital de Santa Maria para duas gémeas luso-brasileiras - algo que ontem Lacerda Sales recusou ser verdade. Também não é normal que a decisão do hospital seja contrária à indicação de todos os médicos envolvidos. Mas enfim, este país não está propriamente a atravessar uma fase de normalidade.
A autoridade política e moral do Presidente será avaliada pelos portugueses, bem como a dos governantes ainda em exercício. Os afetos não serão suficientes para sossegar as dúvidas e responder a tantas perguntas. Mas a chave poderá estar agora no governo. Também não é normal que nada se saiba sobre o que aconteceu ao processo das gémeas depois de ter saído de Belém para São Bento. Se o presidente não tem poderes executivos, é preciso saber como estará o governo envolvido neste caso.
O país já vive uma crise política, não carece de outra. A nação precisa de instituições de soberania firmes e imaculadas. E esse é a grande pergunta que continua sem resposta: estarão os pilares institucionais e da democracia realmente seguros?