Corpo do artigo
Aguardava-se com expectativa elevada o veredicto do primeiro-ministro no concernente à abertura ou não das escolas, na certeza de que estava arredada em definitivo a possibilidade do prolongamento da pausa letiva do Natal, fixada em 3 longas semanas para os discentes.
Decorrente da auscultação dos especialistas de diferentes áreas da saúde, em mais uma reunião que decorreu no Infarmed, o Conselho de Ministros (CM) deliberou, informada e conscientemente, iniciar o 2.º período letivo no regime presencial.
Considero ter sido uma decisão sensata, anunciada de forma perentória por António Costa.
É necessário notar que quer alunos (os mais jovens), quer professores e pessoal não docente, já estão a ser vacinados desde o início da pausa do Natal, e numa modalidade direcionada para este público específico, desde dia 6 de janeiro, verificando-se forte adesão. Por efeito, na próxima segunda-feira, grande parte dos profissionais em exercício nas escolas, bem como crianças e jovens que as frequentam, estarão inoculados, existindo ainda maior segurança nas comunidades educativas comparativamente com o 1.º período letivo.
Durante os primeiros 4 meses de aulas, as escolas centraram-se sobremaneira na gestão da prevenção e dos efeitos da Covid-19, com muitas turmas a confinar (algumas mais que uma vez), tendo sido acionado o ensino remoto de emergência com os constrangimentos que lhe conhecemos, desde logo aumentando as desigualdades, independentemente da existência ou não de material digital em casa dos alunos (a reivindicação de falta de computadores não foi audível, ao contrário do que sucedeu nos 2 anos letivos anteriores).
E se as desvantagens de um ensino não presencial são evidentes e danosas para as aprendizagens, a necessidade de socialização não menos terá pesado na decisão do CM, porque fica imensamente comprometida em casa, com repercussão no seu bem-estar emocional dos alunos, critérios que estão muito para além do estimado pelos especialistas.
Os seres humanos não são números e revela-se cada vez mais crucial focar a questão na relevância da saúde mental de todos, principalmente dos mais novos, que deverão merecer um acompanhamento de proximidade pelo Serviço de Psicologia e Orientação Vocacional existente nas escolas (formado por técnicos especializados, onde pontificam os psicólogos), em articulação com os centros e unidades de saúde locais e os pais e encarregados de educação, parte essencial na dinâmica existente e no sucesso do plano de intervenção.
No entanto..."Cautela" é a palavra de ordem que devemos saber aplicar à nossa prática diária nos próximos meses.
Nesse sentido, as escolas não irão baixar a guarda em relação às regras e procedimentos que têm vindo a adotar, observando as normas da Direção-Geral da Saúde e as suas especificidades, continuando a incutir aos membros das comunidades escolares o seu cumprimento e, nos casos em que se justificar, podendo reforçá-las.
A higienização frequente das mãos com álcool gel, o arejamento dos diversos espaços, a observância dos circuitos de sentido único para evitar cruzamentos, o condicionamento de espaços a um número limite de presenças, a atribuição de salas próprias às turmas são algumas das medidas adotadas pelos estabelecimentos de ensino, desde março de 2020, e que se provaram eficazes, validando a segurança e a confiança nestas instituições.
É obrigação da sociedade colaborar para evitar a disseminação de contágios, sendo determinante uma elevada consciência cívica de todos. As escolas têm feito a sua parte.