Corpo do artigo
Tendo em conta o contexto de Guerra na Europa, um dos temas mais em foco é, sem dúvida, a relação entre Forças Armadas e regimes democráticos liberais.
É sobre esta articulação entre Forças Armadas e valores democráticos liberais que vos quero falar hoje através de dois exemplos que, à primeira vista, podem não ser evidentes. O primeiro vem dos EUA, a única superpotência e na qual as forças armadas têm, de facto, um papel muito especial. Quero destacar mais uma decisão que vai ao encontro do registo da Administração do Presidente Joe Biden enunciado no início do seu mandato: «Vamos liderar não apenas pelo exemplo do nosso poder, mas pelo poder do nosso exemplo».
Então, qual foi? A sua decisão de indicar para comandante da Marinha a Almirante Lisa Franchetti.
É a primeira mulher a comandar um dos ramos de Defesa dos EUA e no seguimento de uma carreira militar notável. Mais do que justa é, sem dúvida, um exemplo pioneiro para muitas mulheres que queiram seguir uma carreira militar nos EUA e no mundo.
TSF\audio\2023\07\noticias\25\24_julho_2023_a_opiniao_de_raquel_vaz_pinto
O segundo exemplo é bem diferente e é relativo a Israel. No contexto da decisão do atual governo de Netanyahu de continuar uma alegada reforma do pilar judicial e, dessa forma, reforçar o peso do político do executivo face à independência dos tribunais, temos assistido a algo absolutamente extraordinário.
Para além das muitas manifestações em massa da sociedade, desta feita, os protestos chegam de antigos militares e militares na reserva, bem como de antigos diretores e membros dos serviços de recolha de intelligence interna e externa.
Este é um aviso muito sério à navegação cada vez mais iliberal do atual governo israelita.
São dois exemplos diferentes entre si, mas têm em comum a mensagem importante de como se pode, de facto, «liderar através da força do exemplo».
Aproveito para desejar a todos os ouvintes um excelente agosto e, se for caso disso, boas férias.