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O que a guerra na Ucrânia tem de particular é que é a única em vigor que resulta da invasão de um país soberano por outro. Nisso Putin é inigualável. Ninguém no século XXI se tinha lembrado de alargar território à custa do vizinho, primeiro na Crimeia, em 2014, depois em toda a Ucrânia, em 2022.
Na verdade, vinda do século XX, mas igualmente em vigor no século XXI, há uma outra invasão e ocupação. Esta tem como resultado décadas de conflito armado, sublevação contra o ocupante, numa terra chamada Palestina.
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No Médio Oriente há guerras por procuração, como no Iémen onde se jogam os interesses do Irão e da Arábia Saudita, mas a guerra também não pára na Líbia e na Síria.
Em Nagorno-Karabak, não sendo uma guerra por procuração, as partes em conflito contam com apoio estrangeiro, a Rússia ao lado dos arménios e a Turquia em apoio aos azeris. Depois do fim da União Soviética, esta disputa de território já originou duas guerras.
África e os seus inúmeros conflitos, o Kosovo a lembrar aos europeus que a guerra na ex-Jugoslávia não está esquecida e pode voltar a qualquer momento, Caxemira como eterna disputa entre duas potências nucleares, Taiwan e as duas Coreias na Asia, o narcotráfico na América Latina, o amor pelas armas nos Estados Unidos... a lista de perigos é longa, a mostrar que o planeta é um super-vulcão pronto a entrar em erupção a qualquer momento.
Jaime Figueiredo, no Expresso, assinala em infografia as guerras, as rebeliões internas e a violência sectária que nos mostram que há territórios especialmente instáveis. O ser humano tem-se mostrado incapaz de resolver a maioria dos conflitos sem entrar em guerra. A violência que seria, quando muito, o último recurso é, a maioria das vezes, o caminho mais fácil. E, assim, o mundo está permanentemente em guerra.