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Vivemos uma semana cheia de improbabilidades, incertezas, atabalhoamentos, arrebatamentos e inseguridades...
Apesar de todos os temas serem importantes para todos, foi a uma resignação morna (exceção feita aos protagonistas dos temas) que assistimos quando nos confrontámos com:
O chumbo, pelo Parlamento, Orçamento do Estado para 2022;
A dissolução do Parlamento pelo Presidente da República;
A aprovação da Lei da Eutanásia;
A crise política;
A crise económica mundial com uma previsível escalada de custos e preços;
A Cimeira sobre as alterações climáticas (COP26) sem novidades;
E muitos outros acontecimentos, com instabilidade e greves à descrição neste nosso país onde também acontece o Web Summit que fervilha de ideias contidas no seu espaço.
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Eutanásia
Um dia depois da decisão, do nosso Presidente da República, de dissolver o Parlamento, Portugal parece ter-se tornado na sexta-feira no quinto país europeu a legalizar a eutanásia.
As reservas que levaram a sua reavaliação parecem longe de estar esclarecidas e isso deixa-nos inseguros. A falta de clareza dos conceitos não parece ser um pressuposto adequado para uma Lei que decide sobre o direito à vida. Na verdade o esclarecimento pedido, das definições, continua a ser vago... Quem decidirá sobre o que é sofrimento intolerável e quem pode dizer, com toda a certeza, que a doença em causa leva a morte?
Pessoalmente não acredito que seja facilitando a morte que se resolva o sofrimento daqueles que não vêm na vida uma alternativa. O desespero não se combate com uma porta fechada, mas sim abrindo-se novas. Há alternativas e todos sabemos que o caminho pode ser feito de outra forma, mas, claramente, escolheu-se o caminho mais a direito. Não podemos esquecer que a vida é feita de curvas e contracurvas e que, em situações como esta, há curvas que temos mesmo de dar. Depois há todo um estranho ambiente político que tolda o discernimento e a forma como a sociedade acompanhou esta decisão. Será que demos todos conta de que isto aconteceu?
Crise Política
(E por falar em curvas... como não falar da situação política do país. Perguntam-me alguns sobre como isto poderá afetar a situação das famílias em Portugal e, principalmente, das famílias mais vulneráveis. Tudo neste mundo nos afeta a todos. Embora pudesse aqui fazer uma série de cenários sobre implicações económicas, sobre política partidária versus política de serviço... , neste momento, vou apenas deixar um desafio... o desafio da escuta, do diálogo e da participação de todos. Uma atitude que nos esclareça, confirme e securize em tempos de crise.
Uma eleição é sempre um caminho de participação quer dos que apresentam estratégias e planos de ação, quer dos que os confirmam. Participar é um direito, mas é também uma obrigação.
Vaticano e as Mulheres
Uma última pequena nota para a nomeação, pelo Papa Francisco, de uma mulher para um lugar de relevo no Vaticano.
A nomeação de Raffaella Petrini foi anunciada esta quinta-feira pela Santa Sé. É a primeira vez na história que uma mulher assume um tão alto cargo, visto por muitos como o segundo lugar mais importante do Vaticano. "Uma religiosa, franciscana, politóloga"... uma combinação de tantas coisas... abre novas esperanças. É uma evidência do esforço extraordinário que o Papa Francisco tem feito para promover o debate de temas e dogmas, como é o caso da igualdade dentro da Igreja.