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Com o verão e o calor a chegar, também a silly season parece que se adiantou nos calendários políticos nacionais.
A hipótese de o primeiro-ministro ocupar a Presidência do Conselho Europeu marcou a atualidade mediática, com longas e especulativas análises sobre as possibilidades e os passos a percorrer para alcançar tão ilustre destino europeu.
António Costa, penso, delicia-se com tanta importância que lhe é dada e ao seu hipotético futuro.
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Na prática, este tema não serve para mais do que a distração do essencial e dos evidentes falhanços do governo. Não me refiro às trapalhadas do Ministro Galamba, dos comportamentos infantis dos gabinetes ou dos whatsapp"s inexplicáveis dos Secretários de Estado.
Refiro-me a um governo que após sete anos, conseguiu fazer da inação a sua maior marca.
Vendem-nos a estabilidade e a sua importância, mas a verdade é que só vemos inércia.
Falam-nos de economia, mas só vemos as finanças a gerir os nossos impostos à moda do Tio Patinhas.
Vemo-los baterem no peito pelo Estado social e pelo Serviço Nacional de Saúde, mas tudo se transformou num autêntico caos.
Ouvimos muito a palavra igualdade, mas temos uma saúde, uma educação ou uma justiça para pobres e outra para ricos.
Não há uma reforma, não há um desígnio, não há uma crença que nos leve para lá da próxima semana, do próximo telejornal, da próxima cortina de fumo.
Não conhecemos um projeto para o país. Um objetivo ou uma bandeira.
Não há o sonho europeu de Soares, o desígnio do Euro e a paixão da Educação de Guterres, a obsessão tecnológica e 100% renovável de Sócrates.
Este Partido Socialista de Costa é amorfo. Incolor, inodoro e insapiente. Sem ideias, sem visão e sem futuro.
É assim que António Costa tem estado no poder. Com a estabilidade de quem não arrisca. Com a Estabilidade de quem não muda. Com a estabilidade de quem parece muito se mexer para tudo ficar exatamente na mesma.
É este o nosso governo. É este o nosso primeiro-ministro e talvez seja assim o próximo presidente do Conselho Europeu.
