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Depois da final no Stade de France, chegámos ao fim de mais uma época de futebol e hoje gostaria de vos falar de liderança. Pensar na última época é olhar para craques como Benzema, Salah, Mané e Bernardo Silva, entre outros. Este ano assisti a muito e bom futebol.
Mas, a minha escolha da figura desta época recai sobre o alemão que treina o Liverpool: Jürgen Klopp. Desde logo, impressiona-me muito o que Klopp é fora do relvado, como por exemplo o seu papel pedagógico sobre as vacinas durante a pandemia. Mas também a sua oposição a ideias cretinas como a Superliga Europeia, a sua crítica fundamentada ao calendário de jogos ou a sua posição tão serena e, ao mesmo tempo, tão apaixonada sobre a identidade e o papel dos adeptos. Para mim, as suas declarações sobre futebol ou sobre responsabilidade social revelam, pura e simplesmente, bom senso.
A relação emocional entre os fãs do Liverpool e o seu treinador é aliás mais do que evidente. E é tanto assim que a renovação do seu contrato foi sentida como um troféu ganho.
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Mas qual deve ser o teste em termos de liderança para um treinador especial? Na minha perspectiva, por exemplo, é ter segundas linhas motivadas. Há nesta equipa alguns lugares que têm dono. Falo, por exemplo, dos dois laterais Andy Robertson à esquerda e Trent Alexander-Arnold à direita. Para mim há muito que são a melhor dupla de laterais do mundo a jogarem juntos.
Quem é suplente de Robertson sabe perfeitamente que muito dificilmente jogará a titular de forma regular. E, no entanto, quando o grego Kostas Tsimikas entra faz a diferença. Na final da Taça de Inglaterra foi seu o penalty que deu o troféu ao Liverpool. A sua alegria bem como dos seus colegas, desde logo do próprio Robertson, foi bem ... olímpica.
É nestes momentos que se vê a liderança de Klopp. Saber liderar não é para todos. No caso do futebol e, em especial, dos seus maestros, estes têm que saber de técnica, táctica, estratégia, quotidiano dos seus jogadores e tantas outras dimensões. Mas o que distingue um treinador-craque como Klopp é a sua capacidade de criar uma equipa, um colectivo, no qual todos têm um papel a desempenhar.
Em termos de liderança há tanto, mas tanto, que podemos aprender com Jürgen Klopp dentro e para lá dos relvados.