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Este ano, podemos dizer que o regime do Ayatollah Khamenei fez o pleno. De forma menos irónica, o Prémio Nobel da Paz e o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento do Parlamento Europeu foram atribuídos a duas mulheres iranianas.
Nesta Opinião já vos falei de Narges Mohammadi que recebeu o Nobel da Paz, bem como da jovem Mahsa Amini a quem foi atribuído postumamente o Prémio Sakharov na passada quinta-feira. A ela e à sua memória junta-se o Movimento «Mulher, Vida e Liberdade». O regime de Khamenei não tardou a responder. Soubemos ontem que as duas jornalistas que relataram o caso de Mahsa Amini e, assim, não deixaram a sua história cair no esquecimento, Niloofar Hamedi e Elaheh Mohammadi, foram condenadas a 13 e 12 anos de prisão.
Todos estes nomes, todas estas mulheres, todos estes seres humanos merecem que não nos esqueçamos das suas vidas e da sua coragem. São todas vítimas do regime do Irão.
Com esse objectivo foi lançado ontem a versão portuguesa de um livro extraordinário no Festival Literário Internacional de Óbidos, mais conhecido como Folio, sob a coordenação de Marjane Satrapi com o título «Mulher, Vida e Liberdade». É um livro muito especial que nos conta o contexto, as heroínas e heróis deste movimento através da ilustração, do cartoon e da banda desenhada. A sua coordenadora explica assim um dos objectivos do livro: «(...) explicar o que se passa no Irão, descodificar os acontecimentos na sua complexidade e nas suas nuances para um público não iraniano, dá-los a conhecer o melhor que conseguimos, mesmo que seja impossível explicar todas as facetas desta história. Porque está a acontecer. Mesmo que não se fale dela o suficiente.»
Aqui fica o meu repto.
Desejo a todos os ouvintes uma óptima semana.