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Nesta primeira semana de fevereiro as atenções internacionais estão centradas na China: temos o Ano Novo e o início dos Jogos Olímpicos de inverno. São milhões e milhões de chineses no regresso à sua terra natal para as comemorações do ano do Tigre e serão milhões de pessoas a seguirem as várias competições olímpicas.
A República Popular da China tudo fará em termos de organização para que estes Jogos Olímpicos decorram sem qualquer problema, mácula ou mesmo pandemia. Em ano de Congresso do Partido Comunista da China nem poderia ser de outro modo. No entanto, a controvérsia à volta da realização de uma competição internacional deste calibre é evidente: seja em relação ao próprio regime ditatorial chinês, seja a obrigatoriedade de utilização de uma app oficial cuja segurança (ou melhor a sua insegurança) levanta questões muito sérias em matéria de privacidade e dados pessoais, de monitorização e de controlo.
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Mas, enquanto os holofotes mediáticos estão centrados na China temos vários problemas pelo mundo fora. Lembro-me bem do verão de 2008 e do início dos Jogos Olímpicos em Beijing e, em paralelo, da intervenção russa em duas regiões da Geórgia: a Ossétia do Sul e a Abcázia. Dois territórios para lá da fronteira da Federação Russa no Cáucaso e que declararam a sua independência face à Geórgia.
Em 2022, e em termos de situações graves temos à cabeça a Ucrânia. Estamos a falar de um país com cerca de 44 milhões de pessoas (segundo o World Fact Book) cuja soberania, cuja integridade territorial está ameaçada, ou melhor ainda mais ameaçada, pela Rússia. Como se não bastasse a anexação da Crimeia em 2014 e a guerra na parte oriental da Ucrânia estamos num impasse que tem contornos muito, muito sérios. Entre o bullying de Vladimir Putin, as várias reações europeias, a resposta dos Estados Unidos da América de redirecionar e reforçar tropas na Europa Oriental, está uma população ucraniana, cuja vontade de continuar independente é inequívoca.
E, enquanto, olhava para o mundo em fevereiro lembrei-me também de Myanmar, tendo em conta que passou um ano desde o golpe de estado. No terreno e ao contrário do que pensavam os golpistas a resistência não parece ter amainado e a população de Myanmar continua a lutar contra as forças policiais e militares.
Aquando da realização em dezembro da «Cimeira para a Democracia» o Presidente Joe Biden chamou a atenção, aliás em linha com o que tem defendido desde o inicio do seu mandato, para o seguinte: "a democracia no mundo está em perigo", "as democracias não acontecem por acaso e que cada geração tem de as renovar".
Uma fotografia do mundo que a Ucrânia e os seus cidadãos compreendem como ninguém.