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Há precisamente uma semana, o Presidente da República brindou-nos com uma aula de Cidadania, tendo por sumário: "10 lições da pandemia".
Transmitida no canal RTP Memória, e no âmbito do projeto #EstudoEmCasa, Marcelo Rebelo de Sousa, de forma magistral, aproveitou o momento pandémico, nefasto, que tem vindo a flagelar o nosso planeta, e ofereceu uma lição de Vida, e sobre a Vida, aos alunos, aos professores, aos pais e encarregados de educação, a todas as comunidades educativas que, com dedicada atenção, acompanharam empaticamente os 30 minutos da aula que passou "num piscar de olhos".
Assumiu o palco e, em direto, partilhou generosamente as suas ideias, as suas vivências pessoais, com a mestria de quem sabe posicionar-se em frente às câmaras de televisão, que captaram a imagem simpática e de elevado humanismo de quem aproveitou para "matar as saudades" do tempo em que foi professor de Direito. Sentimo-lo nas suas "7 quintas"!
Retive, essencialmente, o conteúdo da última lição, "a mais importante aula da vossa vida". Com a expressividade única que o caracteriza, e o à vontade natural que o distingue, Marcelo Rebelo de Sousa enfatizou a experiência única vivida por cada um de nós, pois a "escola é feita destas lições pequenas...lições do dia a dia".
Pessoalmente, identifico este como sendo o ponto alto da sua lição!
Legitimamente, relembrou a importância das aprendizagens que preparam os alunos para a vida, as que interessam verdadeiramente e ajudam a enfrentar o futuro, um tempo cada vez mais incerto, reforçando a mais-valia dos instrumentos que se colocam ao dispor dos alunos para que sejam capazes de abordar eficaz e pró-ativamente os novos desafios.
De imediato, o meu pensamento direcionou-se para os rankings dos exames, incorretamente denominado de ranking das escolas, com publicação agendada para o próximo sábado, e não pude deixar de sentir o quão injusto é graduar as escolas com base nos resultados dos exames dos alunos que as frequentam. Será que faz sentido consumirem-se 3 anos do percurso escolar na preparação dos alunos para (quase exclusivamente) esse fim? Estará o ensino secundário a priorizar as aprendizagens e os saberes que melhor preparam os alunos para o ensino superior e para a Vida?
Cientes que os alunos são os agentes primordiais nas aprendizagens que realizam, foi providencial a apologia do comprometimento e do esforço que chegou na forma de um conselho afetuoso. "Porque um professor é sempre um amigo", o PR incentivou os alunos a aplicarem-se no estudo, ato apoiado pelo trabalho próximo e extraordinário desenvolvido pelos docentes. Não foram poupados os elogios a estes profissionais, extensivos aos pais e encarregados de educação, ao pessoal não docente e ao ministério da Educação, farol neste processo de ensino de emergência.
E percebeu-se a urgência, expressa por argumentos irrefutáveis, que convoca ao regresso a todas as escolas, com a brevidade que deseja a vontade, também os sentimentos. O retorno ao espaço físico do qual todos temos imensas saudades e, se as condições sanitárias o permitirem, na melhor das hipóteses, far-se-á 6 meses após o início do distanciamento social.
Enquanto a tutela se aplica na Organização do Ano Letivo (diploma legal) e do respetivo calendário escolar, Marcelo Rebelo de Sousa lança mão das atuais limitações impostas pela prudência para demonstrar aos alunos e a toda a sociedade a importância da escola (na modalidade presencial) na preparação das crianças e jovens para o futuro. Inquestionavelmente, esta é uma das principais aspirações da Escola Pública!
* Professor; diretor; presidente da associação nacional de diretores de agrupamentos e escolas públicas