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Luís Manuel Otero Alcántara é um artista afro-cubano.
Vive em San Isidro, um dos bairros mais pobres de Havana.
Como artista é multifacetado, dedicando-se sobretudo à pintura e à dança.
A sua casa, pobre como as do meio em que vive, estava sempre aberta à comunidade, como um refúgio e espaço seguro para as pessoas que por ali se juntavam.
Em 2017, Luís Manuel assumiu o papel de líder do Movimento de San Isidro. Um grupo de artistas, jornalistas e ativistas que se uniu para agir de forma pacífica na defesa do direito à liberdade de expressão naquele país.
Infelizmente e sem surpresa, o grupo tem sido alvo de intimidação por parte das autoridades.
No dia 2 de maio de 2021, agentes de segurança levaram o Luís Manuel de sua casa quando este começou uma greve de fome contra a apreensão dos seus trabalhos artísticos. Foi levado para um hospital e aí não pôde ter contacto com o exterior durante um mês. Libertado, continuou a ser vigiado até que a 11 de julho de 2021 publicou um vídeo online dizendo que iria participar na que foi uma das maiores manifestações pela liberdade em Cuba nas últimas décadas.
Estas manifestações em massa no verão de 2021 foram o grito desesperado da população a um governo que não as ouvia
Luís Manuel Alcántara não chegou a participar.
Antes das manifestações foi levado de novo e detido na prisão de segurança máxima de Guanajay.
Quase um longo ano depois, em junho de 2022 foi julgado à porta fechada num julgamento rápido e ao qual observadores internacionais, diplomatas, jornalistas não puderam assistir. Foi condenado a 5 anos de prisão. A acusação, claro está, não tem que ver com liberdade de expressão, mas sim outras coisas, algo vagas: "insulto a símbolos nacionais", "desordem pública" e "desprezo" por se juntar com outras pessoas numa manifestação contra o antigo presidente Raúl Castro.
Desde que está em Guanajay, a sua saúde tem piorado e não tem recebido os cuidados médicos adequados. Também as visitas da família só podem ser realizadas de duas em duas semanas e as chamadas telefónicas não podem passar de 4 minutos e não mais do que duas vezes por semana.
"Eles são donos da tua vida, do teu salário, da tua família. São donos de tudo o que escolhas ter, exceto do que está na tua cabeça, na tua vontade e no teu desejo de liberdade".
Luís Manuel Alcántara foi preso por ter dito isto, por criticar o governo cubano e a censura que restringe a arte.
Agora paga um dos maiores preços ao desafio que abraçou na sua vida.
A Amnistia Internacional tem uma petição a decorrer por ele no projeto "maratona de cartas". E a par da petição, a par de cada uma das nossas assinaturas tão valiosas, temos a esperança de que este artista possa rapidamente rever o céu azul, respirar fundo e pintar com as cores da sua arte a liberdade com que, agora, apenas sonha.
