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A Declaração Universal dos Direitos da Criança, das Nações Unidas, firmada em 1959, foi rasgada, mais uma vez, por Vladimir Putin ao invadir a Ucrânia da forma cruel como o fez e continua a fazer. 243 crianças já morreram neste conflito e mais de 5,2 milhões de crianças na Ucrânia precisam de ajuda, segundo dados revelados pela UNICEF.
Ao mesmo tempo, não pára o esticar de corda entre Estados Unidos e Rússia, com Putin a avisar Biden de que, se enviar o sistema de lançamento de mísseis de alta precisão e médio alcance para Kiev, será uma decisão "muito negativa e que pode levar ao arrastar do conflito". Os Estados Unidos estão convencidos de que é precisamente desta arma que os ucranianos precisam para se defender; já para os russos é a arma que pode despoletar a Terceira Guerra Mundial. Uma tensão de blocos que representa o regresso da Guerra Fria em pleno Dia Mundial da Criança, assinalado a 1 de junho.
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Amanhã, somam-se já 100 dias de guerra e Putin continua a surpreender o mundo pela negativa. Desta vez, anunciou a oferta de ajuda aos mais novos do país invadido e destruído. O presidente da Rússia ofereceu auxílio às crianças da Ucrânia, nomeadamente do Donbass, que, segundo ele, "vivem em perigo mortal há já oito anos", sendo que "muitas foram, infelizmente, vítimas da guerra movida pelo regime de Kiev contra o Donbass".
Putin prometeu apoiar estes miúdos e miúdas de Donbass, mas, pelas palavras do invasor, o que se pode ouvir e ler é que a Rússia, na prática, reafirma assim a sua intenção de controlar aquela região. Ainda dirigindo-se aos mais pequenos, acrescentou que fará "os possíveis" para dar apoio social, assistência médica, uma boa educação e até para fornecer "famílias carinhosas, cordiais e generosas", como se fossem possíveis de comprar em qualquer prateleira de supermercado. Saberá Putin o que é o amor, o que é uma família ou o respeito pelos direitos humanos?
O discurso que ouvimos é tudo menos uma carta de um pai a um filho, a narrativa é antes um autêntico tratado de manipulação da opinião pública e de hipocrisia. Adultos e crianças dispensam essas fantasias de Putin e têm um único desejo composto por três letras: paz.