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Julho é mês de Festa do Trono, celebrando a cada dia 30 desse mês a entronização do jovem Moulay (Príncipe) Mohamed, em Rei Mohamed VI. Este Julho 2023 teve ganhos extra, uns mais previsíveis que outros.
Começando pela prioridade da Política Externa marroquina, a Questão Sahara Marroquino. Em visita oficial à Alemanha e à Itália, na passada semana, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Marrocos, Nasser Bourita, regressou a casa com mais dois países europeus (Alemanha e Itália) a declararem o respectivo apoio ao plano de integração das Províncias do Sul, apresentado já em 2007 e cristalizado na nova Constituição de 2011.
Alemanha e Itália fizeram agora o que Portugal fez no passado 12 de Maio, reconhecendo o referido plano enquanto "iniciativa séria e responsável" e que permite uma "base sólida" para um entendimento realista entre ambas as partes. A tática marroquina parece ser, através do bilateral, ir garantindo estes reconhecimentos individuais, até Bruxelas ficar em jeito de ilha isolada e não ter alternativa, perante as evidências, em avançar para um reconhecimento em bloco da própria União Europeia (UE). Para já contabiliza na UE, com os apoios efectivos e oficiais de Espanha, Portugal, Alemanha e Itália.
No caso português, a importância do timing deste apoio/reconhecimento, é o facto de ter sido após o reconhecimento espanhol. Ou seja, para a diplomacia portuguesa replicar uma decisão espanhola é normal, já ficar dependente de um reconhecimento em bloco da UE, seria ficar diluído em 27 e perder influência e boa vizinhança perante um parceiro estratégico para Portugal e Península Ibérica, sobretudo em momento de Candidatura conjunta ao Mundial 2030 e quando o Magrebe se apresenta enquanto alternativa ao gás russo para toda a Europa e não apenas para a Europa mais próxima de Rabat, Argel e Trípoli/Tobruk.
Num Mundo em acelerada mudança, a diplomacia marroquina tem desenvolvido um "trabalho de formiguinha" nos últimos 30 anos, que vê agora os frutos de uma sintonia nacional focada numa prioridade, a sua integridade territorial de Tânger a Lagouira.
Desporto
Marrocos sagrou-se sábado passado Campeão Africano de Futebol Sub-23, com vitória frente ao eterno rival Egipto (2-1). O futebol tem sido também percepcionado por Marrocos enquanto "softpower" a não negligenciar para a sua afirmação política no mundo. Prova disso são os resultados do passado sábado com esta vitória, bem como o quarto lugar no último Mundial no Qatar, fruto do investimento na formação de jovens jogadores e que também serve de actividade lúdica às centenas de milhares de jovens que tornam os bairros populares das grandes cidades, verdadeiramente vibrantes. Os espaços polidesportivos que se foram construindo reino afora nos últimos 20 anos, começam agora a dar os seus frutos.
Uma nota final para estes campeões de sábado, que em 2030, muito provavelmente estarão a jogar em Portugal, num jogo qualquer que lhes calhe na rifa do Mundial 2030, ao qual concorremos conjuntamente (Portugal/Espanha/Marrocos) e que temos todas as condições para ganhar. Oxalá!
A Acontecer / A Acompanhar
- 14 de Julho, 12.15h, Lisbon Speed Talks "As conturbadas Relações Marrocos-Argélia: Relevância para a União Europeia", com Raúl Braga Pires e Isabel Alcario, em directo na Página Youtube do Clube de Lisboa;
- Todos os domingos, na Telefonia da Amadora, entre as 21h e as 22h, Programa "Um certo Oriente", apresentado pelo Arabista António José, um espaço onde se misturam ritmos, sons e palavras, através das suas mais variadas expressões, pelos roteiros do Médio Oriente e Ásia.
O Autor escreve de acordo com a antiga ortografia
