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A polémica sobre a vacinação das crianças contra a Covid-19 continua. Mas se houver evidência científica acerca da sua segurança e eficácia poucos argumentos restarão. E se até à primavera forem evitados 27 mil casos e 147 internamentos entre as crianças, como avança a DGS, então valeu a pena.
Hoje sabemos pelos médicos que até mesmo as crianças saudáveis têm vindo a ser internadas em hospitais por causa da Covid-19. Há registo de mais de 600 hospitalizações de crianças e 20 com internamentos em Unidades de Cuidados Intensivos.
Na realidade, há claramente uma dimensão mais grave da doença nos miúdos do que sabíamos até aqui, inclusive ao nível das sequelas que ficam nas crianças, mesmo nas assintomáticas.
Se os mais novos puderem ser poupados à experiência marcante de um internamento e a eventuais complicações, porquê adiar ou decidir pela não vacinação das crianças se a evidência científica a aconselha?
Tornar público o parecer técnico da Comissão Técnica da Vacinação foi importante para os portugueses. E se "não há nenhum elemento secreto", como afiança Graça Freitas, que não se prive a sociedade portuguesa de toda a informação.
À beira do Natal, as famílias querem sentir-se seguras para reunir novos e velhos à volta da ceia de Natal. Mas precisam de sentir confiança. A evidência científica acerca da vacinação será o melhor presente de Natal, se nela quisermos acreditar, claro.
Uma coisa é certa: desfez-se o mito de que os mais novos não ficam infetados ou não sofrem. Temos hoje provas de que são também eles as novas fontes de contágios das turmas e das famílias e é preciso protegê-los.
Ontem à tarde a Direção-Geral da Saúde (DGS) recomendou a vacinação das crianças entre os cinco e os 11 anos, com prioridade para as que têm doenças consideradas de risco grave para Covid-19. A diretora-geral da Saúde garantiu que a decisão sobre a vacinação das crianças dos 5 aos 11 foi tomada devido às "vantagens para as próprias crianças" e não para salvaguardar os adultos. Esse "é um bónus", disse.
O arranque da vacinação dos cinco aos 11 anos ficou marcado para o dia 18 de dezembro. Se os meus filhos ainda estivessem nesta faixa etária, eu iria com eles à vacina.