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No dia 8 de Março comemoramos o dia da Mulher e dei por mim a pensar em líderes internacionais. Há mulheres à frente de Estados e instituições internacionais que saltam à vista. Desde logo, a chanceler alemã Angela Merkel, a Presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen, a francesa Christine Lagarde à frente do Banco Central Europeu, a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala que é a recém Directora-Geral da Organização Mundial do Comércio ou as líderes da oposição da Bielorrússia. Tenho analisado algumas destas líderes aqui na TSF.
Mas, raramente nos lembramos de Tsai Ing-wen, a mulher está à frente do destino de Taiwan desde 2016, tendo sido reeleita em Janeiro do ano passado. O momento internacional que vivemos torna este cargo ainda mais difícil se pensarmos na assertividade que tem caracterizado o líder supremo da República Popular da China. Para além das preocupações causadas por Xi Jinping temos que acrescentar a pandemia e todas as suas consequências. Nesta matéria, Taiwan tem estado na linha da frente em matéria de transparência e de combate. A democracia liberal desta ilha tem saído reforçada no último ano e convém relembrar que os taiwaneses tentaram alertar a Organização Mundial de Saúde bem antes da China admitir que tinha um problema sério entre mãos. Eu diria que muitos países passaram a encarar Taiwan como um território que, em matéria de intelligence sobre o que está a acontecer na China, é precioso e um factor a ter em conta.
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Mas, o endurecimento da posição de Beijing face a Taipé tem tornado o presente e o futuro desta ilha bem mais sombrio. Para os cerca de 23 milhões e 500 mil habitantes deste território a China representa o que tem sido feito em Hong Kong, ou seja, a repressão e a ditadura. Para os taiwaneses esse é o futuro nada risonho que a China lhes propõe. Não surpreendem por isso as declarações do actual comandante dos EUA para o Indo-Pacifico, o Almirante Phil Davidson, que afirmou: «não tenhamos ilusões, a China quer uma nova ordem mundial». E sobre Taiwan foi ainda mais explicito: «é uma das ambições da China». Cabe aos EUA decidirem o que fazer caso essa conquista pela força seja ameaçada ou tornada realidade.
Assim, tendo todos estes factores em consideração eu diria Tsai Ing-wen tem de facto uma tarefa hercúlea e um presente e futuro bem complexos. Não quero com isto afirmar que as líderes que foram citadas no início deste artigo têm uma vida mais fácil. Mas, nenhuma tem a missão de lutar pela sobrevivência de um território com uma identidade especial face a um vizinho gigante e implacável. É, sem dúvida, uma liderança que vale a pena acompanhar e à qual temos de estar muito atentos.
A autora não segue as regras do Novo Acordo Ortográfico