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Caros ouvintes, chegamos ao fim desta temporada. Uma viagem intensa sobre a política internacional e, por vezes, como esta se cruza com o futebol. Sobre este desporto o relevo foi dado, como não poderia deixar de ser, ao Campeonato da Europa. Olhando para o internacional foram muitas as mudanças, as continuidades, os líderes e os actores internacionais que fomos acompanhando desde Setembro.
Entre as questões europeias, a China, a Rússia e tantos outros actores e temas, acabámos por dar várias voltas ao mundo. Mas, tendo de escolher apenas um acontecimento a opção acaba por ser fácil. Sem hesitação, o destaque é para a eleição do Presidente Joe Biden sobretudo depois de uma longa agonia que caracterizou os últimos meses de Donald Trump.
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Por mais voltas que se dê há imagens que não saem da memória tais como as da invasão do Capitólio a 6 de Janeiro deste ano: a violência, as mensagens, os extremistas e aqueles símbolos. E, de facto, os argumentos de «fraude eleitoral» ditos e reafirmados por um Presidente dos Estados Unidos da América ainda hoje parecem surreais. Mas, longe disso e acabaram por ser replicados noutras paragens e ficarão, de forma indelével, na história do século XXI.
Na verdade, a essência do que assistimos, ou melhor do que não assistimos no caso do ataque ao Capitólio, é resumida deste modo: saber perder. Esta é uma dimensão crucial quando estamos a falar de democracias liberais. Mas não só.
Tenho-me lembrado muito do treinador da selecção espanhola de futebol sobre esta lição tão importante: a de saber perder. Nas palavras de Luís Enrique: «Estou cansado de ver torneios de infantis em que choram no final. Não sei porque choram. É preciso começar a digerir as derrotas, felicitar o rival, e ensinar aos mais pequenos que não é preciso chorar. É preciso levantar e felicitar aquele que venceu».
Na altura, confesso, e por entre as emoções da caminhada vitoriosa da Itália e da Argentina no Campeonato Europeu e na Copa América, não pensei bem nestas palavras. No entanto, a mensagem é mesmo esta. Sermos capazes de «encaixar» uma derrota, por mais dolorosa que esta seja, e usá-la como algo de positivo, com o intuito de nos melhorarmos é, sem dúvida, fundamental. Seja na política, na cidadania, no desporto ou no nosso quotidiano.