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"Quando se usa a violência esquece-se a razão porque se está no mundo e chega-se a realizar absurdas crueldades. Vemo-lo na loucura da guerra". São palavras do Papa Francisco que celebrou o Domingo de Ramos.
Pela primeira vez desde o início da pandemia a cerimónia, no passado domingo, foi feita nos moldes tradicionais na Praça de São Pedro. A partir do Vaticano, o Papa pediu sacrifício para que se chegue à paz.
Apelou a "que se deponham as armas e se dê início à trégua Pascal, mas não para recarregar as armas e voltar a combater". Apelou a "uma trégua para alcançar a paz através de uma verdadeira negociação, dispostos a algum sacrifício para o bem das pessoas". E questionou: "que vitória será aquela que hastear uma bandeira sobre um amontoado de destroços?"
Terá Vladimir Putin resposta para esta pergunta?
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O conflito armado na Ucrânia já ultrapassou todos os limites da atrocidade, do crime, do choque. O ódio criado alimentará novas fraturas e terá um custo elevadíssimo para aquele povo, mas também para todo o continente europeu que, sabiamente, tem vindo a unir-se face aos desafios que se agigantam a leste.
Também o Bispo de Leiria-Fátima, José Ornelas Carvalho, criticou, na missa de Domingo de Ramos em Fátima, a guerra "fratricida e cruel" que destrói em vez de construir. O também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa lembrou que aqueles que os supostos "libertadores apresentarem-se nas cidades, não para colher o aplauso da gente humilde, mas para destruir as cidades, para destruir os meios de vida, para causar o medo e a submissão, porque (...) vivem para submeter as pessoas ao seu serviço".
Usar os outros em seu próprio benefício, usar a vida dos outros em prol da construção de um suposto potencial império da Grande Rússia dos czares é, no mínimo, um pecado mortal. Em época Pascal vale a pena refletir e continuar a usar toda a diplomacia internacional para se alcançar uma negociação. Não baixar os braços! Já bastam os mais de 4,5 milhões de refugiados que saíram da Ucrânia, os mais de 2400 feridos e de 1800 civis mortos, segundo a ONU. Que não se percam mais vidas e se ressuscite a paz.