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Longe de mim fazer opinião política neste ou em qualquer outro espaço. Esse fórum está preenchido por alguns bem mais capazes ou talhados para isso do que eu. Mas, naturalmente, os olhos e ouvidos estão concentrados na realidade nacional. A tomada de posse de um novo Governo é sempre um momento de recomeçar. Reabrem-se debates e dossiers; abrem-se expectativas e, naturalmente, preparam-se desafios.
Tudo o que começa espera ter um tempo de inocência, mas trata-se de um tempo de continuidade em plena crise. Os próximos anos já todos sabemos que não serão fáceis e os decisores políticos terão de tomar decisões que nem sempre serão fáceis ou livres de polémica.
Tenho falado da tripla crise em que estamos envolvidos: pandemia, crise social e guerra. Um cocktail poderoso que deixará, já está a deixar, vítimas de diversas naturezas.
Por tudo isto, aquilo que mais desejo é que, no seu conjunto - Governo e Parlamento -, tenham a capacidade de colocar o bem-estar e os interesses das pessoas no centro de todas as suas decisões. Isto quer dizer que antes de qualquer decisão, de quaisquer medidas ou regulamentação, a pergunta que cada um deve fazer é: 'Que impacto terá esta decisão na vida dos cidadãos e do país?'. É desta preocupação que todos devem ser reféns.
Enumero algumas das principais preocupações:
- condições de trabalho e salários justos - as dificuldades financeiras e a incapacidade de fazer frente a despesas não planeadas ou situações de emergência é um dos grandes constrangimentos das famílias portuguesas;
- acesso à habitação e à saúde;
- acolhimento e integração de refugiados - uma situação que não é nova, mas claramente agravada pela situação da guerra na Ucrânia;
- acesso à saúde e respeito pela dignidade humana em todas as suas circunstâncias.
Desejo que todos os governantes e restantes decisores políticos encontrem nas suas funções os instrumentos suficientes para fazer o bem em favor dos que mais precisam de boas decisões. Este é um Parlamento que tem em si uma grande diversidade de ideologias... Que isso seja, também, potenciador de debate e reflexão, mas nunca de uma fincada teimosia que, sendo assim, é sempre pouco respeitadora da liberdade e da democracia.
Vamos estar atentos e vamos participar... confiando.
Também é isto que inspira o Conselho Geral da Cáritas que ontem e hoje se reúne para balanço e avaliação dos caminhos que apoiem a atual complexidade.
Feliz domingo.