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Eu sei que hoje é domingo e que o domingo nos convida ao repouso, ao convívio e a coisas menos sérias. O papel dos meios digitais mudou num ano o que não mudaria não fora o surto pandémico que nos assolou. As crianças são incentivadas para o uso daquilo que antes eram proibidas. Aos mais velhos convencemos que fazermo-nos longe é uma prova de amor. O que hoje nos aproxima também nos deixa mais longe e a medo chega um sentimento triste que ousamos chamar de solidão pandémica.
Todos ansiamos por sair à rua. Até porque a realidade, aquela que é mais difícil, também nos entra pela casa dentro, com avisos e números e histórias a que não podemos ficar indiferentes. A doença assusta, a vacina é um objetivo, o desemprego cresce, o futuro é desconhecido e de tons sombrios. Os sonhos moram no fundo do baú e quase tendemos a desistir. Na verdade, negar a existência de um problema não o faz desaparecer e, por isso, o meu desafio de hoje é convidar-vos a celebrar.
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Hoje é domingo, dia que a Igreja celebra, não será por acaso que me convidaram para estar aqui ao domingo. Hoje é o dia da Cáritas e neste domingo culmina a Semana Nacional da Cáritas. Celebra-se a sua ação e o empenho dos seus mais de 1500 funcionários e 5500 voluntários. Esta semana celebra-se também o 33º aniversário da TSF e a competência por detrás de cada hora de companhia, de opinião, de debate, de música, enfim, tudo o que nos entra pela rádio dentro. Cada dia que vivemos é uma alegria. Uma vitória! Temos de estar conscientes disso e temos, por isso, também, todos os dias, motivos para comemorar e celebrar.
Continua a ser necessário estar atento, cumprir as regras, proteger os mais frágeis, mas para garantir o bem mais preciosos que é a vida humana. Há ainda sacrifícios no caminho, muitos!
Mas também há o reconhecimento do papel que todos temos na vida dos nossos mais próximos.
Não estamos distantes, estamos muito mais perto, a cada porta, a cada janela, mas também da comunidade em geral e, por isso, a evidência de que a solidariedade para com os que sofreram mais com as crises pandémica, económica e social é uma preocupação que tem de ser de todos.
O lema da Cáritas "65 Anos: O amor que transforma" convida-nos a participar de uma forma tão única como única é a crise que vivemos. Nesta crise não chegam os recursos de cada um de nós, nem os do estado, nem os das instituições, nem os do estrangeiro, nem os que estão escondidos... temos de ser flexíveis e evitar a rigidez que não transforma.
O conhecimento e recursos têm de se adaptar, claramente, à realidade em que vivemos. A nossa ação tem consequências que nos ultrapassam e tem consequências em outras pessoas, na comunidade e no mundo em geral. A interdependência é, por isso, real e também é útil. Nós dependemos todos de facto uns dos outros.
A Cáritas procura encontrar na proximidade as soluções para os que a procuram. Na sua capilaridade pode estar a solução de muitas fragilidades, mas precisa do vosso contributo. No pensamento, na ação e na doação e, por isso, vos convida a uma visita no site "caritas.pt".
Não desvalorizem a força, a energia e a competência que cada palavra, cada ação, cada apoio que possam dar, pode representar na vida de cada pessoa que possa estar em situação de fragilidade.
Termino parafraseando Roberto Carlos, ele diz: "Tudo é bonito, hoje é domingo, vale a pena esperar uma semana por um dia assim tão lindo." Fiquem connosco!