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Os dias que correm estão a ser profícuos em casos e escândalos. Em políticos demitidos, em políticos não acusados nem arguidos, mas já considerados culpados publicamente.
A lentidão da justiça não ajuda ao esclarecimento. E as redes sociais antecipam-se a acelerar "julgamentos". A Justiça é um alicerce fundamental da democracia e deve ser célere.
A devassa e a falta de esclarecimento são sempre terreno fértil para o populismo, para as posições partidárias radicais. Fica ameaçada a liberdade de pensarmos e debatermos, de trabalharmos pelo bem comum.
Ainda acredito que é esse bem comum que motiva muitas pessoas na política.
Ainda acredito que é esse bem comum que motiva muitos professores e professoras a trabalhar em educação. É essa paixão que os faz manifestarem-se por estes dias.
Falta pouco para já ninguém querer ser professor. E, por isso, as manifestações deles não são apenas por eles, mas sim por todos os nossos filhos.
Falta pouco, também, para já ninguém querer ser político.
Essa ideia, a de dedicar a vida à nobreza do bem comum está quase esquecida. Os partidos políticos parecem ter sido tomados de assalto e, por mais que olhemos, não se vislumbra inspiração. Nelson Mandela parece já pertencer a um passado longínquo se olharmos ao ambiente que vivemos hoje.
Deveria ser tempo de gente honesta, de gente com moderação, de gente que pense a política com generosidade e altruísmo, em vez de desconfiança e oportunismo.
Deveria ser tempo de gente com algo que parece ser banal, mas hoje muito raro: bom senso.
Deveria ser tempo de voltarmos a ser aquilo que polarizados não somos: comunidade.
A História corre em dinâmicas de ciclo e contraciclo, de ação e reação, de tensão e distensão.
É esta lógica que nos permite ter a esperança de saber que Luther King tinha razão quando dizia que "o arco moral do universo é longo, mas tende a curvar-se em direção à justiça."
Não nos esqueçamos de fazer a nossa parte para que isso aconteça.
