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Os portugueses estão a ficar fartos da novela em redor da Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP, que envolve o governo e a gestão da companhia aérea.
O povo sente-se enganado, está enfastiado e vai desabafando acerca desse estado de alma em comentários, fóruns e nas sondagens que têm vindo a ser publicadas pelos vários meios. Umas apontam o PSD a ultrapassar o PS, sobretudo por demérito do PS na gestão política; outras indicam que preferiam que João Galamba tivesse saído do governo em vez de se continuar a alimentar uma realidade pantanosa. Em comum, revelam o cansaço dos portugueses para com a governação.
O povo é sereno, mas parece ter um detetor de mentiras e não se deixa enganar. Sente que ninguém está a falar toda a verdade e isso é o pior que pode acontecer porque a confiança fica minada, porque se lança o descrédito sobre todos os políticos, todos os governantes e cria a perigosa perceção de que são todos iguais. Ora nada mais útil aos populismos, de esquerda ou direita, do que alimentar essa leitura popular.
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Se preferir outra imagem, as peças do puzzle não encaixam, falta sempre qualquer coisa para que o jogo fique completo e permita uma leitura íntegra e verdadeira dos factos. Muitas vezes, ao ouvir os trabalhos da CPI falta a peça do puzzle dos números económicos, outras vezes das decisões políticas e tantas vezes a peça que representa a ética e a moral.
O Galambagate arrasta-se há cerca de um mês e meio. Costa respondeu às 15 perguntas do PSD, mas as respostas não permitiram um cabal esclarecimento da situação e os eleitores não são parvos, desiludindo-se a cada dia que passa.
Tudo isto ainda vai acabar num atirar de culpas a mais um simples motorista (como aconteceu no caso que envolveu o então ministro Eduardo Cabrita) ou numa qualquer chefe de gabinete, protegendo-se as costas e a imagem dos pseudo-impolutos governantes.
As questões que envolvem a atuação da Polícia Judiciária e do SIS estão mal explicadas e como afirmou esta semana, aos microfones do DN e da TSF, o embaixador António Martins da Cruz, "pôr em causa o SIS é pôr em causa a credibilidade externa de Portugal".