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Portugal começou esta semana a desconfinar num processo temeroso e que ainda será longo.
Como é usual a Europa caminha a ritmos e tempos diferentes. Uns confinam, quando outros desconfinam. Uns abrem fronteiras e outros fecham. Uns vacinam muito, outros nem tanto. Uns vão testar muito e outros pouco. O que se diz tem sabor a insegurança e incerteza.
Certo mesmo é que temos de cuidar e não correr riscos, mas também temos de confiar que vamos ultrapassar este mau bocado. É certo que surgem dúvidas, uma nova a cada momento...
São as evidências de que os benefícios superam os efeitos negativos que devem ser o foco da nossa atenção e da nossa partilha com quem está inseguro.
Esta semana foi retirada e retomada uma vacina, o que deixou muitos preocupados e atrasou o processo.
Fico a pensar quanto de exemplo podemos ir buscar a Francisco. Com os seus 84 anos, deu o exemplo e desde sempre defendeu e deu orientações como pastor da Igreja Católica para que a vacinação possa ser uma realidade. Tudo o que possa contribuir para desacreditar o processo de vacinação, seja em Portugal, seja em qualquer país do mundo, deve ser serenado. Os efeitos secundários de qualquer marca que está hoje no mercado são uma realidade, mas são as evidências de que os benefícios superam os efeitos negativos que devem ser o foco da nossa atenção e da nossa partilha com quem está inseguro. É preciso acreditar nos mecanismos de proteção e nas entidades reguladoras.
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A verdade é que desconfinamento foi uma lufada de ar fresco e um balão de oxigénio na vida dos portugueses e na vida das famílias. Ter no horizonte a possibilidade de recomeçar, é um conforto e alegria que não pode ser ensombrada por medos e falsos alarmes.
Importa começar a preparar a vida para além destes tempos, com a prudência que a Pandemia ainda nos aconselha. Esta crise sanitária e económica vai acentuar a crise social já evidente, as desigualdades sociais do país, as suas assimetrias e as desvantagens das pessoas e famílias mais fragilizadas. Será bem mais fácil se nos prepararmos desde já e formos encontrando o nosso caminho, mas também o nosso espaço de "ser solidários"
Celebrou-se no dia 19 último, o 65º aniversário da assinatura dos primeiros estatutos da Cáritas Portuguesa em 1956 e desde então se persegue o firme propósito de atuar para a solução e apoio às situações sociais de especial complexidade. É o que hoje acontece, o risco de pobreza atemoriza quem muito recentemente esperava viver uma vida confortável. Os meios, as soluções e os recursos têm de encontrar caminhos criativos de chegar a quem mais precisa. A Cáritas tem um trunfo precioso, a proximidade e vamos pô-lo a render.
Hoje é domingo, hoje é primavera. É tempo de usufruir cautelosamente do que nos rodeia e participar nas mudanças que é preciso fazer para que esta crise não vença.
Na última sexta-feira celebrou-se também o dia do pai e é devida uma homenagem a todos os pais que, sempre, mas em particular durante a pandemia, se multiplicaram em cuidados e preocupações. Pais que assumiram diferentes papéis e representações. Pais que se desdobraram e que calaram os seus próprios medos para não gerar novos medos. Aos pais que cuidam sem condição, a minha homenagem.
Hoje é domingo, hoje é primavera. É tempo de usufruir cautelosamente do que nos rodeia e participar nas mudanças que é preciso fazer para que esta crise não vença. E sobretudo não dar espaço ao desalento.
Feliz domingo