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Não querendo ser desmancha-prazeres, mas sendo, queria lembrar que o vírus, com as suas variantes Delta e Beta, já conseguiu encontrar forma de fintar a vacina e ainda tem caminho para fazer. Diz Miguel Castanho, professor catedrático da Faculdade de Medicina, homem sábio e sensato: "Não subestimemos o vírus. Já o fizemos e erramos".
Não diz ele, e não direi eu, que não faz sentido percorrer o caminho da liberdade. Faz, claro que faz! Vale a pena é fazê-lo com responsabilidade, sempre com a certeza que ainda não conquistamos o direito de retomar a vida como ela era antes de aparecer este novo coronavírus.
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Comparar com o que nos aconteceu em janeiro, com dias em que chegaram a morrer nove pessoas por hora de Covid-19, pode dar-nos a sensação de uma grande vitória, mas não esconde que, mesmo com uma alta taxa de vacinação (a nova matriz), o vírus continua com capacidade de contagiar, enviar para internamento hospitalar e matar. O que surpreende é a nossa capacidade moral de relativizar essas mortes, atribuindo ao destino o que o nosso comportamento pode evitar. É aí que temos de nos concentrar.
Recorro novamente ao testemunho de Miguel Castanho. O dia da libertação será o dia em que humanamente já não for possível fazer mais nada para combater o vírus. Aí teremos reduzido a incidência a números muito baixos e teremos aprendido a viver com ele. Até lá, convém ter presente que a vacina faz o seu trabalho, mas o nosso não está dispensado. Há situações em que vai ser preciso continuar a usar máscara e manter o distanciamento. A higienização constante das mãos já era uma das mais poderosas armas de combate aos vírus e não deixou de ser.
Agora, só temos de nos fazer à estrada para percorrer o caminho, convictos de que é melhor avançar do que ficar parado, porque parar também é morrer, com a certeza de que, se nos enganarmos na estrada, será sempre melhor voltar atrás para corrigir a trajetória. O Dia da Liberdade continua a celebrar-se a 25 de Abril, já era uma grande vitória chegarmos lá unidos no essencial, na convicção de que todas as vidas contam. Saibamos merecer a liberdade que temos.