Já se brinca nas redes sociais. Falou do cão? Ele fala de quantas em quantas horas? É a TV Marcelo? Mas, para mim, o Presidente é o maior. Porque falou às 5 da tarde.
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Fez muito bem o sr Presidente: não há melhor maneira de começar uma revolução do que falar ao país às 17h00, hora do chá. Imaginem o que isto era se os políticos fossem todos assim: jornalistas e comentadores a jantar a horas e em família; jornais prontos a ir para a banca ainda de noite, sem pagar multa; bancos nacionalizados a tempo e horas (mas depois do fecho da bolsa); e, com sorte, telejornais só com 30 minutos, para as famílias discutirem as notícias, aqui e ali, já com os deveres despachados. Era bom ou não era? Para mim e para as minhas filhas era uma reforma estrutural. O primeiro-ministro até a podia meter no Programa Nacional de Reformas que vai lançar esta terça-feira.
E agora pergunto eu : valia a pena mais três horas de espera para ouvir isto? Pois claro que não, não valia: o que Marcelo prometeu foi explicar ao país a promulgação do Orçamento. E o que Marcelo entregou ao país foi isso: promulgou, sim senhor, porque o este era que havia. Não era bom? Não era mau? Ouça o Presidente, ele respondeu: "Resta saber se o possível é suficiente". Crystal clear.
Não, o Presidente não se alongou muito sobre o Orçamento. Não falou dos "sinais e alertas", como pediu na TSF o líder parlamentar do PSD. Nada disse sobre um Plano B, menos ainda sobre impostos, nada de todo sobre as reversões.
E não, também não foi aquela passadeira vermelha a António Costa. Ainda que tenha falado de um esboço "inovador" (ou lá o que era), Marcelo não deixou de o "instar" (curioso verbo) a executar "muito rigorosamente" as continhas, para lá em 2017 vermos "se o modelo provou ou não provou".
Bem vistas as coisas, quem tem de analisar vai fazer o seu dever: explicar direitinho que quando Marcelo falou da conjuntura internacional foi para mostrar que os riscos não são apenas internos; que quando desvalorizou as previsões foi para ajudar Mário Centeno; que quando faz depender um plano B das previsões e da execução do OE é porque "acredita", como Jesus.
Para mim, ele não quis dizer nada. Nem do Orçamento, nem do cão novo que recebeu, nem das 1001 coisas que já combinou com António Costa, nem de nada.
Para mim, pouco me importa que Marcelo fale de 6 em 6 horas, que haja notícia dele em cada canto, que ele faça em Belém o que fazia quando chegou ao PSD, um rodopio. O que Marcelo fez hoje foi digno de nota: foi falar às 5 da tarde. Sabem como dizem os americanos? Respect!