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São 36 perguntas. É assim o novo mecanismo que vai escrutinar os nomes apontados pelo primeiro-ministro para futuros governantes. Foi aprovado esta semana em Conselho de Ministros e, poucos minutos depois da aprovação, houve nova demissão de um assessor no gabinete de António Costa, na sequência da condenação num processo judicial.
Os casos e casinhos não têm fim. Irá um questionário, com 36 perguntas, fazer milagres e resolver todas as dúvidas? Ou será antes um reconhecimento de incapacidade e irresponsabilidade que tem sido seguida até aqui? Será que até agora, e sempre que foi convidado um elemento para exercer um cargo importante de poder, não foi feita qualquer verificação confiável?
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O presidente da Assembleia da República admitiu esta semana, em entrevista ao DN e TSF, que "é impossível saber tudo" sobre pessoas que são convidadas para funções políticas. Augusto Santos Silva defendeu a existência de um mecanismo de verificação prévio, mas alertou para o facto de ter um regime equilibrado, caso contrário poderá ter o efeito de afastar ainda mais os cidadãos da política e dos cargos com responsabilidade ao nível nacional.
Na mesma entrevista, esta sexta feira, o presidente da Assembleia da República admitiu que as demissões sucessivas de ministros e secretários de Estado estão a desgastar o governo. Reconheceu que as polémicas e as mudanças complicam a vida ao governo de António Costa.
O governo, mas também toda a política, ficam fragilizados com os recentes escândalos. Aos do PS juntaram-se outros com autarcas do PSD. E não há nada pior do que instalarem-se na sociedade frases como "a culpa é deles" ou "eles são todos iguais". São expressões como essas que alimentam os populismos.
Assim sendo, são precisas pessoas éticas e com caráter. Não será um questionário a resolver tudo se, na sua essência , o sistema não conseguir recrutar pessoas com valores e sentido de serviço público.