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Os últimos dias foram de verdadeiro frenesim noticioso na tentativa de antecipação dos assuntos quentes do grande debate parlamentar - o Estado da Nação, muito aguardado por alguns.
Com olhos já postos nas férias, governo e deputados esgrimiram argumentos para defender a polarização das posições políticas assumidas: para uns, o País encontra-se no rumo certo; para outros, Portugal continua a afundar-se.
Saúde, Educação e Habitação foram dos temas mais recorrentes nas intervenções dos distintos oradores que durante mais de 6h fizeram o gáudio dos comentadores, bem como o deleite dos habituais acompanhantes destes imperdíveis enredos, pese embora com epílogos quase sempre previsíveis.
A Educação, como aludi, foi uma das temáticas que esteve na berlinda, merecedora de animadas intervenções, em que uns viam o copo meio cheio e outros meio vazio. Estratégico!
Não colocando em causa os argumentos pertinentes que foram discorridos, houve assuntos que mereceram uma abordagem pela rama, sem o devido enquadramento e, sobretudo, o respeito exigido para com todos aqueles que dão, diariamente, o seu melhor pelos alunos, engrandecendo as qualidades da Escola Pública (EP), tentando corrigir os seus defeitos e assimetrias, potencializando o seu papel vital na sociedade.
O orgulho na EP é justo e devido, e inequivocamente tem de ser evidenciado, tal como o trabalho extraordinário dos seus profissionais, que mantêm a Escola a pulsar e a prosperar. Dizer quase sempre mal da dama que todos devemos cuidar, é cometer um crime ignóbil e imperdoável.
Por ação ou omissão, quase todos contribuem, direta ou indiretamente, por negligência ou com dolo, para criticar a EP, intentando restringir ou desprezar o efeito de elevador social que detém. Certos discursos, no debate de 5.ª feira passada, foram exemplos bem ilustrativos do que acabo de referir, o que se lamenta.
No entanto, quase todos, não raras vezes, enchidos de um acesso de orgulho caracteristicamente nacional, proclamam: "eu sou o exemplo vivo, produto da Escola Pública". Que insensatez ou hipocrisia denuncia esta discrepância de atuação? É claro que "a letra não bate com a careta" e as atitudes e os discursos moldam-se a interesses ou oportunismos.
O contínuo investimento na Educação é uma obrigação de todos os governos. A negociação dos 6 anos, 6 meses e 23 dias deve continuar, num esforço conjunto que vise encurtar a distância entre as partes, repondo a serenidade e a justiça. A melhoria das condições de trabalho dos professores e das direções executivas é crucial. Mas percebe-se que estes tópicos sensíveis são reiteradamente evitados, ausentes das comunicações populistas, à semelhança de outros temas prioritários.
É necessário proteger e nutrir a nossa Escola Pública, com o rigor e entusiasmo que impõem o fortalecimento do investimento sustentado de que necessita, ao nível dos recursos humanos, mas também físicos e materiais, ações que consagrarão uma Educação cada vez mais Valente e Imortal.