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Esta semana a Human Rights Watch divulgou um relatório intitulado «Break Their Lineage, Break Their Roots, China"s Crimes against Humanity Targeting Uyghurs and Other Turkic Muslims». Depois de uma investigação aprofundada e cuidadosa, e que revela uma abrangência e um alcance que não deixam quaisquer dúvidas sobre o que se está a passar em Xinjiang, uma região da República Popular da China, e que é para a Human Rights Watch uma situação de «crimes contra a Humanidade. Esta fotografia desumana, desoladora e muito triste, aliás analisada no Mapa Mundo desta semana, fez-me lembrar uma região, a de Cabo Delgado. Uma região que tem vivido tempos ainda mais difíceis sobretudo com os ataques recentes levados a cabo com uma enorme violência. Cabo Delgado foi mesmo um dos primeiros temas que analisei convosco nas Manhãs da TSF. E gostava neste tema tão difícil de chamar a atenção, em particular, uma entrevista que me foi feita ao agora ex-, anterior ou antigo Bispo de Pemba, D. Luiz Fernando Lisboa. A entrevista foi publicada no jornal italiano La Repubblica, conduzida pela jornalista Raffaella Scuderi e publicada no dia 11 deste mês de Abril.
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Há muito a destacar nesta entrevista, mas a mim o que sobretudo me impressionou foram dois aspectos. Em primeiro lugar, a fotografia que D. Luiz Lisboa nos consegue traçar de como a vida da população nesta região é muito difícil e a descrição da miséria vivida nesta região do Norte de Moçambique é, de facto, muito impressionante. E, em segundo lugar, D. Luiz já não está em Moçambique. Teve que sair, teve que se vir embora (e nota-se a sua tristeza e saudade) também porque o próprio Papa assim lhe pediu.
O antigo Bispo de Pemba foi questionado sobre a razão principal que o levou a sair e nós poderíamos pensar que foi devido à extrema violência dos ataques recentes, mas perante a pergunta concreta da fonte das ameaças de morte a sua resposta é muito directa e absolutamente desarmante: «o governo». E esta resposta é mais uma das muitas constatações de que os Estados que devem proteger e defender os direitos humanos dos seus cidadãos, muitas vezes não o fazem e são mesmo eles próprios os agentes dessas violações de Direitos Humanos.