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E quando, finalmente, chegou o dia 10 de Junho, Marcelo já não tinha nada para dizer.
Na véspera à noite, depois de semanas daquilo a que os malvados dos comentadores chamaram "uma crise política", o Presidente acabou-lhes com a festa. Não ia dissolver o Parlamento, nem pensar nisso, essa ideia nunca lhe tinha passado pela cabeça, ele sabia perfeitamente que os portugueses não queriam nada disso.
E pronto.
Quando se diz que Marcelo vulgariza a palavra, aqui está um bom exemplo de como isso não é verdade. Ainda antes da festa, ficava o assunto arrumado e sem qualquer margem para dúvidas.
O governo que trate mas é de governar, e de governar bem; e a oposição de apresentar alternativas e das boas. Ele por ele, que há uns tempos, dia sim dia não lembrava ao Governo, à oposição e ao povo, que jamais abdicaria de todos os seus poderes, ali estava sereno e seguro, o intérprete da vontade popular que as sondagens só tinham vindo corroborar. Nada de dissolução e, já agora, nada de Galamba.
Para este último, estava guardada a melhor parte do discurso do dia seguinte. Como diligente jardineiro, Marcelo lembrou que é preciso "semear, podar, cuidar, cortar os ramos" que estragam a árvore para salvar os outros. A este momento, no discurso, levantou os olhos do papel e olhou a direito para quem estava. Galamba estava.
Arrumada a crise, deixado o recado ao primeiro-ministro, segue-se agora o "calendário" estabelecido pelo próprio Marcelo. A comissão de inquérito à gestão da TAP está a chegar ao fim, e o Presidente espera pelas conclusões que Costa dela prometeu tirar. Depois há o Conselho de Estado marcado para finais de julho, onde se fará o balanço do Estado da Nação.
Mas, portugueses, podem ir de férias descansados. Não há crise nem dissolução. E depois do verão estamos de volta, com a poda feita.
