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O presidente da câmara municipal de Sines, Nuno Mascarenhas, passou seis dias numa cela até ser ouvido por um juiz, mas saiu em liberdade, esta segunda-feira, apenas sujeito a Termo de Identidade e Residência, sem ser indiciado de qualquer crime.
"Foram retirados seis dias da sua vida e manchada a reputação com o único objetivo de participar num espetáculo mediático e justicialista", condena Daniel Oliveira esta terça-feira, no seu espaço de opinião na antena da TSF.
É um "ritual de humilhação" comum em casos mediáticos, sobretudo quando envolvem políticos, aponta o comentador. "Talvez porque há demasiados magistrados - espero que ainda uma minoria - que desprezam especialmente os eleitos porque desprezam a democracia, assim como desprezam a liberdade. Se não a desprezassem, nunca a roubariam a outros de forma tão leviana", acusa.
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As suspeitas que levaram à queda do Governo num caso inédito em Portugal, foram esta segunda-feira consideradas "demasiado frágeis para serem tidas em conta na aplicação de medidas de coação".
Isto quer dizer, defende Daniel Oliveira, que "o Ministério Público deu, por agora, um passo maior do que a perna". Face às consequências políticas que teve e "enorme dano reputacional que está a causar ao país", se a investigação da operação Influencer chegar ao fim sem envolver políticos, "o Ministério Público terá, desta vez, um problema grave".
Assumindo que até às eleições se manterá o mediatismo do caso, "qualquer suspeita de que haja uma gestão política e eleitoral na libertação ilegítima de informação em segredo de justiça deve ser tratada sem contemplações pelo Presidente da República", apela Daniel Oliveira.
O comentador ressalva que não defende que se deva "limitar as investigações", mas sim que estas não incluam a "divulgação de escutas em fase de instrução ou a propagação de teses sobre hipotéticos crimes sem uma base sólida que o sustente".
Para Daniel Oliveira, "está em causa o regular funcionamento das instituições e a separação de poderes". O risco é conduzir o país ao "caos institucional" e todos os intervenientes - políticos, judiciais e mediáticos, "caminham sobre uma fina camada de gelo".
Texto: Carolina Rico