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Na Bósnia-Herzegovina há uma empresa energética chamada BUK. Esta empresa é detida por uma companhia belga chamada "Green Invest" que se anuncia como uma empresa de energias renováveis e com um plano de marketing que publicita respeito pelo meio ambiente.
A Sara e a Sunčica são duas jovens ativistas. Nasceram e cresceram junto ao rio Kasindolska e desde 2017 têm manifestado publicamente preocupações sobre os projetos de construção de hidroelétricas naquele rio. Consideram que na construção de uma delas já houve desflorestação descontrolada em áreas protegidas e que a construção das estradas de acesso às centrais provocou já a erosão do solo. Elas questionam a legalidade das licenças ambientais que foram emitidas à BUK e que, consideram, causarão danos irreparáveis ao rio e ao seu ecossistema circundante.
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A empresa belga processou-as por difamação, apenas porque estas jovens ativistas manifestaram as suas preocupações.
Diz uma delas que "o que agrava a situação é estas alegações de difamação infundadas serem provenientes de uma empresa belga sem qualquer interesse no ambiente ou na vida aqui. Ninguém pertencente a esta companhia passou a sua vida neste rio: não apreciaram a sua beleza, nem têm ideia do que a construção de pequenas centrais hidroelétricas fez ao rio e à floresta em seu redor. A nossa sensação é a de que uma empresa estrangeira reivindica mais direitos sobre o rio do que nós, que aqui nascemos e aqui permanecemos".
Este tipo de ações intimidatórias por parte de grandes empresas e de governos locais ou nacionais contra ativistas, jornalistas ou grupos comunitários organizados estão a crescer.
São as chamadas SLAPP"s (Strategic Lawsuits against Public Participation) - no inglês, este acrónimo "chapada" significa processos judiciais ou ações estratégicas, violentas e desproporcionadas contra a participação pública.
Já houve pelo menos uma tentativa destas por parte de uma fábrica que fazia descargas poluentes no rio Tejo a um ativista.
Mas por cá, nas notícias vamos vendo também que os lucros da Galp dispararam em 86% para 806 milhões de euros até setembro último. Estes lucros seguem a reboque sobretudo dos aumentos dos preços dos combustíveis que todos nós suportamos e das margens de lucro na refinação que passaram de 2,8 dólares por barril para 12,4 dólares.
No entanto, quem vê o marketing e a publicidade da Galp, fica a pensar que a empresa já nem se dedica a combustíveis fósseis e agora apenas trabalha as energias renováveis com destaque para a solar e para tudo o que é bonito e natureza e sustentabilidade e atenção à emergência climática!
Infelizmente, parece que o greenwashing - a lavagem verde do marketing enganoso - já chegou a Portugal.
Terá vindo a gasóleo?
