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Reabre hoje ao público o Museu de Língua Portuguesa, na cidade de São Paulo, no Brasil. O mesmo tinha sido devastado pelas chamas num incêndio que destruiu dois terços da estrutura do edifício e provocou a morte de um bombeiro e que ocorreu em dezembro de 2015. Está instalado na centenária Estação da Luz desde que foi inaugurado em 2006, e foi um dos primeiros a homenagear a língua portuguesa no mundo, com experiências interativas, conteúdo audiovisual e ambientes imersivos.
Foram precisos seis anos para o reconstruir e a obra de recuperação contou com a ajuda de Portugal. O espaço e o espólio são um orgulho para todos os que falam a língua de Camões.
Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República, participa na reinauguração deste icónico museu. Mas o Presidente não terá viajado certamente apenas pela língua, mas pela importância política, geoestratégica e económica do Brasil no mundo e, claro, na sua relação com Portugal. Marcelo conseguiu fazer o pleno: agendou quatro encontros com quatro presidentes. Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso, Michel Temer e Jair Bolsonaro, todos à conversa com o chefe de Estado português.
O Presidente foi acompanhado pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e fez ainda encontros com representantes das comunidades portuguesas em São Paulo e em Brasília. Esta é a quinta deslocação do Presidente da República a terras de Vera Cruz, onde esteve logo no primeiro ano de mandato, em 2016, para a abertura dos Jogos Olímpicos. Dois anos mais tarde, em janeiro de 2018, foi recebido por Bolsonaro, em Brasília, no dia seguinte à posse deste como presidente.
O Brasil vive uma dramática gestão da pandemia, desgovernada por um presidente que tem vindo a revelar-se ditador nas suas políticas e irresponsável em matérias de saúde. Ameaçado agora no poder pelas manifestações nas ruas, pela sombra de Lula da Silva e pelas nuvens sombrias de uma terceira via política, Bolsonaro endurece o seu discurso diariamente esquecendo-se de que o mundo está atento e não vai deixar cair uma grande potência como o Brasil.
O eterno "país que vai dar certo" ainda não deu certo com Bolsonaro e precisará de um novo líder para sair deste desgoverno. Que as comemorações dos 200 anos de independência do Brasil, em 2022, sejam sinónimo de um novo paradigma em construção.