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Volodymyr Zelensky não surpreendeu com a referencia ao 25 de Abril, pela proximidade da data, e dessa comparação que fez entre a liberdade conseguida por nós e a liberdade pela qual anseiam os ucranianos não faz sentido procurar uma cópia a papel químico. O presidente da Ucrânia foi, ainda assim, mais eficaz quando nos pôs a pensar na dimensão da tragédia, comparando Mariupol com Lisboa e pedindo-nos para imaginar que todas as casas da capital portuguesa estavam destruídas. Ou quando comparou a população do Porto e nos sugeriu que a duplicássemos para perceber o número de ucranianos deportados para a Rússia, ou pensássemos na população portuguesa e imaginarmos o país inteiro fugindo de suas casas.
Perante esta tragédia que é real e a que se acrescentam inúmeros crimes de guerra, populações inteiras sem acesso a água potável, muitos sem comida, sem energia, o que faz o PCP? Assiste atrás do arbusto a uma sessão em que não quis participar e agride todo um país, representando por um governo eleito democraticamente, acusando Zelensky de ser xenófobo e belicista.
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A líder parlamentar dos comunistas portugueses diz que foi um insulto ao 25 de Abril a referencia que dele fez o presidente da Ucrânia, mas se há nesta história um insulto é da parte do PCP à inteligência dos portugueses que distinguem bem quem é o agressor e quem é o agredido. O comité central do PCP parece ter entrado num autocarro em sentido contrário na autoestrada e tão satisfeitos vão com a sua realidade alternativa que, vendo todos os outros rodar em sentido contrário, comentam uns com os outros, a incúria dos outros automobilistas que vão em contramão na autoestrada.
Já não surpreende e, com o 25 de Abril a aproximar-se, a dois anos de celebramos meio século da revolução dos cravos, o PCP recua no tempo e age como se não tivesse havido também o 25 de Novembro em Portugal e o muro que caiu em Berlim não fosse a imagem que a todos lembra que o império soviético já não existe.