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E ao sétimo andamento parou. Não propriamente para descansar, porque o tempo é de seleções. Oportunidade para conferirmos o que o campeonato já nos deu até aqui.
Sporting - Poucos apostariam que os leões chegariam a esta fase na liderança e com quatro pontos de avanço sobre os opositores mais próximos, Braga e Benfica, e seis sobre o campeão FC Porto. Mas há mais: sem derrotas - a única equipa a consegui-lo - e com o melhor ataque e a melhor defesa da Liga portuguesa. É obra.
E é, sobretudo, quando nos lembramos que o investimento no plantel rondou os 17 milhões de euros, enquanto os dragões andaram pelos 22 e as águias atiraram-se para a fasquia dos 100 milhões.
Ruben Amorim, uma contratação cara sob qualquer ponto de vista, tem mostrado, contudo, que sabe o que está a fazer. Sem alaridos e com uma enorme prudência ao nível do discurso. O Sporting apostou (muito) no mercado interno e escolheu bem. Pedro Gonçalves - figura de topo neste arranque do campeonato - e Nuno Santos são trunfos garantidos, o regresso de Palhinha foi a opção certa e trazer João Mário representou a tal mais-valia que faltava. A juntar aos miúdos da casa que prometem bastante, a começar por um Nuno Mendes em ascensão.
Claro que o Sporting tem uma contribuição extra. Ficou prematuramente fora da Europa, o que foi péssimo para a projeção de um clube desta dimensão, mas deu-lhe o tempo e o espaço para trabalhar com outro cuidado o sistema e as ideias o treinador. E ele está a aproveitar.
É muito cedo para projetar o que o futuro pode dar (nomeadamente a sempre crónica questão da luta pelo título), mas há aqui um sério aviso à concorrência. Pelo menos no que respeita a discutir um lugar na próxima Liga dos Campeões é garantido que podem contar com este leão.
Benfica - Os olhos estavam postos com uma compreensível atenção neste "novo" Benfica de que Vieira precisava (por razões eleitorais e desportivas). Jorge Jesus era "o tal", as contratações tinham peso, desportivo e financeiro, logo, era de aguardar algo de sonante. Mas não tem sido bem assim.
Falhada a entrada na Champions, o campeonato até começou de forma afirmativa. Só que, a dada altura, descarrilou. Ao contrário do que é habitual nas equipas de Jesus, o Benfica começou a claudicar no processo defensivo, chegando ao ponto de sofrer nove golos numa única semana (Boavista, Rangers, Braga). Numa altura em que já se fala de novas contratações para as laterais e para o eixo da defesa, o técnico ainda não arranjou antídoto para o problema, sendo que já se percebeu que a questão vai para lá da constituição da defesa. Num plantel com inúmeras soluções, o meio campo, por exemplo, está longe de uma clarificação.
Claro que as águias ainda vão muito a tempo de arrepiar caminho, mas esta cadência de jogos a cada três ou quatro dias não vai facilitar a vida ao treinador. Seja como for, o balanço no campeonato, por ora, está abaixo da expetativa criada.
FC Porto - Ser campeão em título é uma responsabilidade acrescida, já se sabe. Mas continuar a lidar com as limitações do fair-play financeiro é um daqueles obstáculos que baralha as melhores intenções de um clube. No passado recente, no entanto, Sérgio Conceição já demonstrou que, com um acentuado espírito de sacrifício, não há impossíveis.
Ao ficar sem Danilo e, acima de todos, sem Alex Telles, o FC Porto sabia que iria entrar numa nova fase, para não lhe chamar uma nova era. E que os sobressaltos apareceriam, inevitavelmente. Não se trata de consolidar os conceitos - que são claros - mas de consolidar as "peças" que respondam às exigências dos conceitos. E é por aqui que o trabalho de Conceição tem andado.
Em boa parte dos jogos, o técnico privilegiou a base que transitou da época anterior e isto não surge por acaso. Quando olhamos para Pepe temos garantia de segurança, quando pensamos em Corona temos imaginação, quando olhamos Sérgio Oliveira vemos determinação. Mas ainda falta ajustar mais coisas. E, tal como o Benfica, também os dragões não têm calendário liberto para grandes elaborações. Ainda é cedo, sim, mas o FC Porto não pode atrasar-se mais nas contas do campeonato.
Braga - Uma palavra que se torna obrigatória, porque os minhotos, que nem iniciaram o campeonato da melhor forma, começam a ganhar o seu espaço de afirmação. Com um bom plantel para tentar intrometer-se entre os grandes e com um treinador com larga experiência, este Braga, até agora, está a cumprir bem a sua missão. Falta saber até onde pode realmente chegar.