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No sábado, o favorito Luís Montenegro deverá derrotar a candidatura de posicionamento de Moreira da Silva, sendo eleito presidente do PSD. Aspiração que alimenta desde que Pedro Passos Coelho era primeiro-ministro.
Mas a eleição do próximo líder da oposição merece outra atenção para lá de quem ganha. Quanto mais não seja porque o PSD é o segundo partido mais votado no país, estando por isso em posição tradicional de vantagem para ser a alternativa dos portugueses a governar.
Ora, a disputa eleitoral serviria naturalmente a oportunidade de confrontar a proposta política das candidaturas, mais do que os perfis pessoais. Mas não foi assim. Vamos ao que se viu.
De Montenegro, fica claro que quer o PSD a fazer mais oposição, mas isso já sabemos desde o dia em que Rui Rio foi empossado presidente dos sociais-democratas. Moreira da Silva também quer o PSD a ser mais oposição. Querem, portanto, o mesmo que Marcelo Rebelo de Sousa. Mas, nestas coisas, só querer não chega.
Talvez de Moreira da Silva se esperasse mais alcance político. Estava atrás, estava obrigado a surpreender, a impor agenda. Para além de garantir o mesmo que António Costa, de que não há conversas com o Chega, nada se viu.
Moreira da Silva casou-se com os apoios que conseguiu, e os que conseguiu andaram casados quatro anos com Rio. É que os apoios condicionam o posicionamento, o que só o permitiu fazer o confronto de perfil com Montenegro. Ele, executivo, muito internacional e ambiental. O adversário, um parlamentar nacional de verbo fácil. A clivagem com o legado e a estratégia de Rio ficaram por fazer. Foi esse o espaço que libertou, permitindo a Montenegro passear alegremente o seu favoritismo, sem nunca se sentir ameaçado.
Esta é, infelizmente, a história da eleição do maior partido da oposição, em que não houve um debate na rádio, ou sequer numa associação de estudantes. Uma eleição que parece ocorrer por entre o barulho das luzes.
Os portugueses não sabem do PSD mais do que isto. Nem sobre impostos, nem sobre PRR, nem sobre inflação, nem sobre Saúde, nem sobre Educação, nem sobre Habitação, nem sobre as novas exigências ambientais, nem sobre questões de Estado como o papel das Forças Armadas. Não se viu nem se debateu uma proposta de desenvolvimento diferente da oferta de António Costa.
Nesta eleição, o PSD está a demitir-se de ser alternativa.
Chega e IL aplaudem e inflamam a sua expectativa de crescimento eleitoral e Costa acrescentou tranquilidade à sua maioria absoluta.