Corpo do artigo
É a vitória da moderação contra o radicalismo, do respeito contra o desrespeito pelas instituições, da inclusão contra a exclusão, também do tradicionalismo contra um suposto anti-sistema que governou em claro benefício dos mais ricos, o regresso da decência ao comando da política dos Estados Unidos, ao multilateralismo, a possibilidade de regresso de uma América que se saiba fazer respeitar sem ser com base numa espécie de bullying relacional que tem dirigido a Casa Branca.
Vai ser preciso que a tradicionalista e democrata Administração Biden perceba os erros que foram cometidos pelos próprios democratas no passado e que permitiram que uma figura como Donald Trump tenha vencido uma eleição presidencial e tenha hoje - é preciso dizê-lo - o apoio de quase metade dos eleitores americanos.
Os Estados Unidos vão ter um cartão de visita inédito: pela primeira vez uma mulher na vice-presidência, uma mulher de origens afro-asiáticas, expoente da riqueza que é a diversidade, que é a maior riqueza da América e que a Administração cessante foi questionando de várias formas, fosse através da proibição de entradas a pessoas oriundas de meia dúzia de países com maioria muçulmana até às políticas migratórias muito restritivas com ordens de separação de famílias nas fronteiras e centenas de crianças colocadas em jaulas. Kamala Harris, a vice-presidente eleita, já disse que têm muito trabalho pela frente e é verdade. Vai ser necessário reverter uma série de práticas, num país e num mundo que, por interesse, conveniência ou necessidade, se foi acomodando a essas práticas. Ao estilo Trump.
Trump parece preso àquela expressão portuguesa que se resume à ideia de um miúdo que se agarra à bola dentro de uma baliza (ou de uma casa branca) e diz daqui não saio, daqui ninguém me tira.
Mas vai ser preciso também que a tradicionalista e democrata Administração Biden perceba os erros que foram cometidos pelos próprios democratas no passado e que permitiram que uma figura como Donald Trump tenha vencido uma eleição presidencial e tenha hoje - é preciso dizê-lo - o apoio de quase metade dos eleitores americanos.
Os recursos e as litigâncias fazem parte dos mecanismos legais dos processos eleitorais em democracia; independentemente do tom, da retórica lamentável, da total ausência de sentido de estado, é natural que Trump o faça. Se o resultado fosse o oposto, neste tempo de polarização da vida política americana, talvez acontecesse o mesmo. Convém lembrar que as recontagens de votação nos EUA nunca alteraram nada de substancial. Donald Trump sabe isso e parece preso àquela expressão portuguesa que se resume à ideia de um miúdo que se agarra à bola dentro de uma baliza (ou de uma casa branca) e diz daqui não saio, daqui ninguém me tira.