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Uma larga maioria dos portugueses não viaja de avião, pelo que existir ou não existir uma companhia de bandeira é igual ao litro. Pode ser que alguns se convençam da importância que a TAP tem para o país, mas só se lhes provarem que o custo não é superior ao beneficio ou, sobretudo, que não é possível conseguir o mesmo resultado pagando menos a outras companhias aéreas.
Eu viajo com alguma frequência de avião, não gosto particularmente da viagem, mas adoro os destinos e o regresso a casa. Eu quero saber da TAP, gosto da TAP e escolho a TAP. Há melhor? É possível. Há bilhetes mais baratos? Com certeza. Mas eu escolho a TAP. Está feita a minha declaração de interesses. Eu agradeço que tenham salvado a TAP, mesmo se muitas vezes me zango com a TAP ou, melhor dizendo, com as pessoas que trabalham na TAP.
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Uma larga maioria dos portugueses paga impostos, pelo que saber quanto vai custar ter salvo a TAP não é igual ao litro. Sabemos que a TAP foi capitalizada com recurso a 3,2 mil milhões de euros dos contribuintes, mas não sabemos quanto teria custado deixá-la falir. Milhares de pessoas no subsídio de desemprego, efeito dominó com falência de PME"s que dependem do serviço ou da mercadoria que vendem à TAP, prejuízo para o turismo português - a galinha dos ovos de ouro.
Eu pago impostos, gosto que eles sirvam o bem comum e percebo que, na ausência de um verdadeiro estudo para avaliar o custo-benefício de uma falência, o melhor é não arriscar a vida de milhares de trabalhadores. Passada essa fase, convém que o debate se faça sem demagogias. O governo que tomou a decisão de salvar a TAP não pode ser julgado com base no saldo entre capitalização (3,2 mil milhões) e venda (valor a determinar). Sabemos que hoje a companhia vale bem mais do que valia, reduziu a massa salarial e os custos da operação, apresenta lucros, tem rotas muito apetitosas. Pode até vir a dar-se o milagre do governo vir a conseguir recuperar o que lá pôs em nosso nome, mas se isso acontecer gostava de ver a oposição em uníssono a dar os parabéns a Pedro Nuno Santos e o governo a pagar o que deve a Christine Ourmières-Widener por a ter despedido injustamente.
P.S. No final desta crónica, devo corrigir um erro da crónica da semana passada. Troquei o nome da deputada do PSD que pretendeu criticar um adversário político chamando-lhe autista. Pedi pessoalmente desculpa à deputada Márcia Santos, corrigi a crónica online e pedi desculpa publicamente, mas é minha obrigação voltar a fazê-lo no exato local onde ocorreu o erro: a antena da TSF.