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O Governo vai avaliar "natureza de inflação" na atualização de salários de 2023. Promessa da Ministra Mariana Vieira da Silva. Referiu ontem que executivo "já foi claro" na indisponibilidade para subida intercalar neste ano e não se compromete a acompanhar inflação no próximo. A ministra da Presidência falou após uma primeira reunião com as estruturas sindicais da função pública que serviu para listar prioridades negociais e referiu que "essa atualização salarial terá em conta os valores da inflação, mas também a avaliação que for feita da natureza dessa inflação nesse momento" bem como "do sucesso das medidas que, entretanto, estamos a tomar para conter os preços e, naturalmente, como sempre da situação do país."
O governo está preocupado em que "todos os passos que são dados têm de ser sustentáveis no tempo. A situação financeira, a situação económica do país será muito importante", mas o país está e vai ficar mais pobre.
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Para 2022, a proposta de Orçamento do Estado entregue na passada semana no parlamento antecipa uma inflação nos 3,7%, com o executivo a insistir no entendimento de que se está perante uma aceleração de preços temporária e um quadro de incerteza quanto àquela que será a evolução da economia. Mas os dados mostra que a taxa já vai quase nos 6%.
A juntar a este indicador, temos agora as novas previsões do FMI que evidenciam que Portugal vai empobrecer, ou no mínimo vai estagnar em 2022, com os efeitos da guerra na Ucrânia. Analisando a situação económica per capita em 2021 comparada com a de 2019, o país caiu um lugar no ranking mundial do Fundo Monetário Internacional (FMI). Está agora na posição 45 numa lista de mais de 190 países.
Pior notícia é sabermos também que estamos a ser ultrapassados no nível de vida per capita por três países improváveis: Porto Rico, Polónia e Hungria. Os custos da invasão da Ucrânia pela Rússia estão a fazer disparar os preços das matérias primas e de vários produtos alimentares e ainda a ativar o travão em algumas atividades exportadoras. A juntar aos ingredientes de uma poção mágica potencialmente perigosa, Portugal continua a ser um país altamente endividado e começam a surgir nuvens no horizonte relacionadas com a subida das taxas de juro. Espera-se que o céu não nos caia em cima, qual Gália das aventuras de Asterix e Obelix.