Para que as fake news resultem, "é preciso haver um povo pronto a ser intoxicado"
A propagação de mentiras na internet representam um risco para a democracia e a prática pode começar a ser comum também em Portugal, defende Daniel Oliveira na TSF.
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As chamadas fake news estão a chegar a Portugal, alerta Daniel Oliveira.
Para já, "a coisa ainda é amadora, mas outros virão para fazer melhor", disse no espaço de comentário semanal que ocupa na TSF, "A Opinião", a propósito da investigação do Diário de Notícias a vários sites que alojam notícias falsas sobre a política portuguesa.
Levantou especial polémica uma imagem manipulada que mostrava a líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, a usar "relógio de luxo suíço com o valor de 20,9 milhões de euros". O partido desmentiu, mas nas redes sociais muitos acreditaram que se tratava de uma fotografia real.
"Longe dos olhos de todos, as mentiras espalham-se sem contraditório, isolando as pessoas numa realidade paralela. Sem um espaço público comum, e um entendimento mínimo sobre a verdade, a democracia torna-se inviável."
Impedir que estas notícias fabricadas e montagens fotográficas contaminem a esfera pública pode passar por mudar a legislação ou apertar o controlo das redes sociais, mas é sobretudo dever de cada um, considera.
"Como uma doença, esta tática precisa de um ambiente insalubre para progredir. Para a intoxicação resultar é preciso haver um povo pronto para ser intoxicado."
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Texto: Carolina Rico