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Em plena pandemia os testes rápidos entraram no nosso léxico. Ora, o primeiro grande teste rápido ao estado da economia chega já nos próximos dias.
As moratórias privadas acabam no final de março, portanto na próxima quarta-feira. E, para os economistas, o mês de abril vai servir para se perceber como vai evoluir o incumprimento no crédito em 2021. A moratória privada no crédito à habitação, criada - e bem - pela Associação Portuguesa de Bancos, termina o seu prazo daqui a escassos dias e em causa está um montante de créditos de 3,7 mil milhões de euros, o que corresponde a 21,5% do total de crédito hipotecário que estava abrangido pelo regime de moratórias no final de janeiro. Serão milhares e milhares as famílias portuguesas que voltam a ter de pagar a sua prestação mensal da casa ao banco.
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Após este teste rápido não vai ser possível respirar (ou não) de alívio, porque chegarão mais dois grandes testes importantíssimos para aferir acerca do estado do doente: a moratória no crédito ao consumo da APB acaba em junho e, mesmo que os montantes em dívida possam ser mais pequenos, qualquer regresso de prestações para pagar numa altura em que as famílias têm, regra geral, menos rendimentos vai ser uma prova de fogo.
E o terceiro teste rápido será relativo à moratória pública que termina no final de setembro.
A maioria das prestações ao banco que estavam suspensas vão retomar a normalidade, em outubro, e já há fortes receios em relação a um possível aumento acentuado no crédito malparado.
Os desafios para este ano parecem ser cada vez maiores, e ainda nem acabou o primeiro trimestre. A despesa com apoios à economia no âmbito da covid-19 superaram já os mil milhões de euros só durante os meses de janeiro e fevereiro, segundo dados do Ministério das Finanças. Mas parece não haver garrote capaz de estancar esta hemorragia.
Esta semana Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República, falou ao país. Propôs a renovação do estado de emergência até 15 de abril, sendo já o 14.º diploma de estado de emergência que submeteu para autorização ao parlamento.
O Presidente justifica com realismo e com a necessidade de "acautelar os passos a dar no futuro próximo".
Os portugueses estão ansiosos por sair de casa, sobretudo em época Pascal, mas são também realistas e estão também preocupados com a sua saúde e a saúde da sua família e, como tal, até fazem um esforço por compreender e por continuar a cumprir o dever de recolhimento... mas a economia é que já não aguente muito mais tempo neste estado de coma.
Perdida que está a Páscoa, já só um verão normal poderá ajudar a reanimar a moral das tropas e do tecido empresarial nacional.