Corpo do artigo
O primeiro dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas é a erradicação da pobreza.
Em Portugal adiantou-se esta semana que perto de 2 milhões de pessoas vivem em risco de pobreza.
No Parlamento ouvimos referência a uma promessa feita no passado por António Costa: nos 50 anos do 25 de abril ninguém em Portugal viveria sem uma habitação condigna.
TSF\audio\2023\10\noticias\21\21_outubro_2023_a_opiniao_pedro_a_neto
O primeiro-ministro anunciou que a promessa não se ia cumprir a tempo e atribuiu responsabilidades pelos atrasos à pandemia, por exemplo.
O relatório que em 2018 referiu 26 000 famílias sem habitação condigna no nosso país, já teve mais uma versão em 2021 onde já se contavam 38 000 famílias.
O relatório do Orçamento de Estado de 2024 refere o levantamento mais atual e identifica 86 000 famílias.
O número vai crescendo vertiginosamente e os recentes aumentos das taxas de juro levam-nos a temer ainda pior.
Também o banco alimentar refere que há novos tipos de pedidos de ajuda por alimentos: pessoas mais novas, pessoas com trabalhos precários. Há neste momento pessoas a viverem em tendas, em Carcavelos no Concelho de Cascais, perto de Lisboa. Gente que trabalha a tempo inteiro e não consegue o suficiente para comer, o suficiente para uma casa digna.
Em Lisboa, o desígnio do Presidente da República, o de deixar de haver pessoas sem abrigo na cidade, parece longe de se cumprir. Uma caminhada no Cais do Sodré mostrará uma realidade de casas em forma de caixotes-cartão cada vez mais abundantes.
As desigualdades sociais e as classes médias enfraquecidas enraízam o sentimento de injustiça e fragilizam a democracia. A tragédia humana que está a acontecer no Médio Oriente adivinha também uma tragédia económica com o disparar de preços do petróleo, que gerará subida de preços em todos os bens transportados por esse combustível poluente.
Estes sinais são todos razões que nos devem fazer refletir na sociedade em que vivemos e no mundo em que existimos e para onde estamos a caminhar.
