A opinião desta sexta-feira é assinada por Nádia Piazza.
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É esse o slogan da Campanha para 2019 contra os flagelos dos incêndios florestais em Portugal.
E vai ser chocante. A começar pelo próprio título, que dá azo a uma dupla interpretação. Mas a ideia será mesmo essa. Portugal chama, clama, grita para a prevenção quando ela é precisa porque senão...Portugal chama, quando tudo falha. E é isso que todos nós não queremos.
Uma campanha chocante, mas não mais chocante do que as cenas a que todo o País foi assistindo durante o ano de 2017, imagens reais que tomaram conta dos canais de televisão de forma quase massacrante.
Porque a memória precisa ser avivada. Sem memória não há ação persistente e consequente. Sem memória, o passado é mais uma página de calendário virada.
Portugal chama é esse o mote para a próxima mega campanha nacional!
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O objetivo da campanha consiste em lançar apelos aos portugueses, "para que se mobilizem e contribuam para um país protegido de incêndios rurais graves", refere Tiago Martins de Oliveira, agora presidente da recém criada AGIF - Agência de Gestão Integrada para os Fogos Rurais, com sede no concelho da Lousã, distrito de Coimbra, em plena Serra da Lousã, charneira com o distrito de Leiria, região fustigada pelos dois grandes incêndios de 2017.
A campanha é um despoletar de consciência, ativar quem não está avivado para o problema.
As imagens das chamas, que marcarão a primeira parte da Campanha, vão desaparecer de abril em diante, por questões óbvias.
Será igualmente criada uma linha telefónica para prestar esclarecimento pormenorizado à população. Mas vejam lá se dessa vez o número de telefone é mesmo o pretendido.
Lembrar que foi publicitado recentemente a lista das freguesias consideradas prioritárias na questão da gestão dos combustíveis e lembrar ainda que as populações têm até 15 de março para proceder de acordo com a lei.
E porque tais campanhas fazem todo o sentido?
Porque a maior incidência de incêndios florestais em Portugal têm na sua origem comportamentos humanos negligentes, com destaque para as queimadas.
Tal como na sinistralidade, as campanhas tendem a dar bons resultados a médio e longo prazo, e porque, a exceção dos raios, o fogo não surge de geração espontânea.
Portugal chama. Chama as entidades responsáveis pela gestão dos combustíveis, e que normalmente são "duras de ouvido", e chama o cidadão, o 4.º pilar da proteção civil, e quem paga as favas no final das contas.