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A cimeira entre os líderes do Quad, versão abreviada de Diálogo Quadrilateral para a Segurança, não defraudou as expectativas. Os quatro membros - EUA, Índia, Japão e Austrália - foram capazes de encontrar formas concretas de traduzir o que os une verdadeiramente: o regresso da China e o seu projecto estratégico das Nova Rotas da Seda. Joe Biden não só continuou esta política da Administração Trump como lhe deu um novo ímpeto. Na declaração oficial as apostas vão desde as mais tradicionais como a «defesa da ordem marítima baseada no direito internacional» às mais inovadoras tais como a vacinação neste contexto pandémico.
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O Quad é o âmago de um conceito estratégico mais amplo, o Indo-Pacífico, dois oceanos nos quais tanto se jogará em matéria de equilíbrio de forças entre as grandes potências. A influência chinesa nesta região tão ampla foi, a partir de 2012, reforçada com a assertividade que tem caracterizado a liderança de Xi Jinping. Não é por isso de estranhar que o conceito de Indo-Pacífico seja geralmente acompanhado das palavras «livre e aberto» às quais foram acrescentadas outras duas, nomeadamente, «inclusivo e resiliente» na declaração final da Cimeira. Esta caracterização vai ao encontro do que se entende ser «o Espírito do Quad». A mensagem é clara face, por exemplo, às reivindicações marítimas territoriais de Beijing no Mar Oriental e do Sul da China e, nesse sentido são boas notícias, por exemplo, para o Sudeste Asiático. Mais ainda, a Índia tem sentido de forma aguda a presença constante da China na sua vizinhança e por isso, Narendra Modi tem-se empenhado na reaproximação aos EUA e na necessidade de articulação dos esforços face ao regresso da China ao Índico.
E sendo nós um país que pensa de forma Atlântica porque é que temos de incluir o Indo-Pacífico no nosso horizonte? Para responder a esta pergunta recorro ao artigo publicado no DN em Dezembro do ano passado pelo nosso Ministro dos Negócios Estrangeiros sobre a parceria entre a UE e o Sudeste Asiático: «alcance geopolítico». Tendo em conta a necessidade europeia de diversificação das relações externas com esta parte do mundo olhar para esta região implica «a defesa do multilateralismo» e a «abordagem integrada da região do Indo-Pacífico». A liderança neste processo pertence de forma clara aos EUA da Administração Biden. Mas, por um conjunto de factores dos quais gostaria de destacar a nossa habilidade diplomática «Portugal tem um papel a desempenhar».
A autora não segue as regras do novo acordo ortográfico